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Festival de Cinema do Rio cancela sessões por conta de protestos

1º.out.2013 - Um grupo de professores que se concentrava na Cinelândia, no centro do Rio, foi atingido por bombas de gás lacrimogêneo por volta das 14h desta terça-feira (1º). Os profissionais aguardam do lado de fora da Câmara Municipal do Rio para pressionar a suspensão do projeto que cria um plano de cargos e salários para a categoria. O texto está na pauta desta terça da Casa - Pablo Jacob/Agência O Globo
1º.out.2013 - Um grupo de professores que se concentrava na Cinelândia, no centro do Rio, foi atingido por bombas de gás lacrimogêneo por volta das 14h desta terça-feira (1º). Os profissionais aguardam do lado de fora da Câmara Municipal do Rio para pressionar a suspensão do projeto que cria um plano de cargos e salários para a categoria. O texto está na pauta desta terça da Casa Imagem: Pablo Jacob/Agência O Globo

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio

01/10/2013 17h19Atualizada em 02/10/2013 18h36

O Festival de Cinema do Rio cancelou as sessões que seriam exibidas nesta terça-feira (1º) no Cine Odeon e no CCJF (Centro Cultural da Justiça Federal) por causa do confronto entre policiais e manifestantes nas imediações da Câmara Municipal da cidade. A programação incluía uma sessão de gala do documentário "Cidade de Deus - 10 Anos Depois", de Cavi Borges e Luciano Vidigal, às 17h.

O Cine Odeon fica localizado na Cinelândia, a poucos metros da Câmara dos Vereadores, onde houve nesta tarde votação do plano de carreira de professores contratados pela Prefeitura do Rio. A decisão de cancelar a programação foi anunciada em meio a bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta, tiros de balas de borracha e num cenário de insegurança em que centenas de pessoas correm pelas ruas do centro fugindo da polícia. 

"O coronel do batalhão da polícia me ligou e disse que, se quiséssemos manter aberto, teríamos toda a segurança. Mas não podemos viver fora do eixo da cidade. Tomamos essa decisão agora quando a gente chegou e viu a situação que está, e o festival está no contexto da cidade", disse ao UOL Vilma Lustosa, diretora do Festival do Rio.

Segundo Lustosa, não há "clima" para se realizar as sessões de pré-estreia. "Não tem clima. Tem bomba, tem pessoas correndo, gente se machucando. O cinema brasileiro lutou tantos anos. Cada tela é uma conquista, somos solidários", defendeu. Enquanto alguns convidados já haviam chegado ao cinema, o Odeon virou um refúgio para muitos manifestantes, especialmente professores que estavam fugindo do confronto.

Programação alterada
As sessões de "The Canyons" e "Tatuagem", que aconteceriam no Odeon, foram transferidas para Botafogo. O primeiro será exibido à meia-noite no Estação Botafogo 1, mantendo a apresentação do diretor Paul Schrader; e o segundo, que integra a mostra competitiva da Première Brasil, passará à meia-noite no Estação Rio 1 e 2. Os convites e ingressos da sessão do Odeon valem para ambas sessões.

Segundo a organização, os ingressos que não forem utilizados poderão ser reembolsados ou trocados por outro filme a partir de amanhã na Central de Ingresso, em Botafogo. A sessão de "Cidade de Deus" ainda está suspensa.
 

Reforço policial
A organização do Festival do Rio já havia solicitado reforço da Polícia Militar, com receio de que manifestações pudessem atrapalhar o evento, que começou na quinta-feira (26), especialmente nas sessões de gala com a presença de atores, diretores e convidados.

O tapete vermelho para a sessão especial de abertura do Festival contou com vizinhos inusitados. Para além de cinéfilos, curiosos e fãs de artistas, um grupo de cerca de 50 manifestantes chamou a atenção dos convidados.

De acordo com a diretora do festival, Ilda Santiago, a possibilidade de protestos já havia sido prevista pela organização do evento. "A gente já montou uma estrutura que permitisse respeitar todas as manifestações, mas que ao mesmo tempo respeitasse a nossa manifestação cultural de cinema. Isso a gente tem alguma coisa em comum, que é acreditar na diversidade", disse ao UOL.