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Festival do Rio altera programação do Cine Odeon por manifestações

Do UOL, no Rio

02/10/2013 16h44

A organização do Festival do Rio transferiu parte da programação do Cine Odeon para outras salas do circuito do evento por conta das manifestações que ocorrem na Cinelândia, no Rio de Janeiro. Na terça-feira (2), o festival já havia cancelado sessões que seriam exibidas durante a tarde, entre elas do documentário "Cidade de Deus - 10 Anos Depois".

Todos os ingressos já adquiridos serão válidos nas novas exibições. O festival alterou a programação das seguintes sessões para convidados:

Quarta-feira (2)

- "Quase Samba", de Ricardo Targino, será exibido nesta quarta-feira, à meia-noite, nos cinemas Estação Rio 1 e 2

- "Conversa com JH", de Ernesto Rodrigues será exibido sexta-feira (4), às 19h no Cinépolis Lagoon, salas 1 e 6.

- "Educação Sentimental", de Julio Bressane, será reprogramado nos próximos dias; os ingressos vendidos para esta sessão podem ser trocados na Central de Ingresso

Quinta-feira (3)

- "A Farra do Circo", de Roberto Berliner, será exibido às 19h no Cinépolis Lagoon; os ingressos vendidos para esta sessão podem ser trocados na Central de Ingresso

- "Entre Nós", de Paulo Morelli, será exibido às 21h30 no Cinépolis Lagoon

Em comunicado, a organização disse que as "modificações de programação do Odeon Petrobras não alteram as condições equânimes de visionamento dos filmes para o corpo de jurados da Premiere Brasil, nem as sessões com voto popular".

Sessões canceladas anteriormente

O Cine Odeon fica localizado a poucos metros da Câmara dos Vereadores, onde houve na tarde de terça-feira votação do plano de carreira de professores contratados pela Prefeitura do Rio. A decisão de cancelar a programação foi anunciada em meio a bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta, tiros de balas de borracha e num cenário de insegurança em que centenas de pessoas correm pelas ruas do centro fugindo da polícia.

"O coronel do batalhão da polícia me ligou e disse que, se quiséssemos manter aberto, teríamos toda a segurança. Mas não podemos viver fora do eixo da cidade. Tomamos essa decisão agora quando a gente chegou e viu a situação que está, e o festival está no contexto da cidade", disse ao UOL Vilma Lustosa, diretora do Festival do Rio, na terça.

Segundo Lustosa, não havia "clima" para se realizar as sessões de pré-estreia. "Não tem clima. Tem bomba, tem pessoas correndo, gente se machucando. O cinema brasileiro lutou tantos anos. Cada tela é uma conquista, somos solidários", defendeu. Enquanto alguns convidados já haviam chegado ao cinema, o Odeon virou um refúgio para muitos manifestantes, especialmente professores que estavam fugindo do confronto.

Reforço policial
A organização do Festival do Rio já havia solicitado reforço da Polícia Militar, com receio de que manifestações pudessem atrapalhar o evento, que começou na quinta-feira (26), especialmente nas sessões de gala com a presença de atores, diretores e convidados.

O tapete vermelho para a sessão especial de abertura do Festival contou com vizinhos inusitados. Para além de cinéfilos, curiosos e fãs de artistas, um grupo de cerca de 50 manifestantes chamou a atenção dos convidados.

De acordo com a diretora do festival, Ilda Santiago, a possibilidade de protestos já havia sido prevista pela organização do evento. "A gente já montou uma estrutura que permitisse respeitar todas as manifestações, mas que ao mesmo tempo respeitasse a nossa manifestação cultural de cinema. Isso a gente tem alguma coisa em comum, que é acreditar na diversidade", disse ao UOL.