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"Grace" abre Cannes e promete festival cheio de glamour e polêmicas

Do UOL, em São Paulo *

14/05/2014 08h38

"Grace: A Princesa de Mônaco", protagonizado por Nicole Kidman, abre nesta quarta-feira (14) o 67° Festival de Cannes com a tradicional presença de astros de Hollywood e com suas luxuosas festas às margens do Mediterrâneo. A escolha do filme do francês Olivier Dahan, que dirigiu a cinebiografia de Edith Piaf com Marion Cotillard, é simbólica e reflete um evento dedicado aos cinéfilos, mas sem deixar de lado o glamour e as polêmicas.

Os filhos da princesa Grace Kelly, que morreu tragicamente em 1982, consideram que o filme traiu a história da família. Sua filha mais nova, Stéphanie, chegou a pedir que os fotógrafos deixem suas câmeras no chão quando a equipe de "Grace" passar pelo tapete vermelho.

Foi no próprio festival de Cannes que a até então atriz conheceu o príncipe Reinier, em 1955, quando “Ladrão de Casaca”, de Alfred Hitchcock, foi exibido na Croisette. Casaram-se no ano seguinte. O filme é um recorte de um momento da vida de Grace, entre dezembro de 1961 e novembro de 1962, quando ela desempenhou um papel decisivo nas negociações do príncipe Rainier com o presidente da França, Charles De Gaulle. Olivier afirmou que fez o filme ficcional que queria fazer.

Os produtores, os irmãos Weinstein, também já demonstraram insatisfação e chegaram a sinalizar que uma versão diferente do filme -- menos obscura -- seria lançada nos Estados Unidos sem a participação dos diretores.

Um corte brusco para realidade: O evento essencial para os cinéfilos também serve bem à indústria da fofoca e de celebridades. A presença de Hollywood no evento já foi mais evidente, mas a volta de Robert Pattinson e Kristen Stewart ao tapete vermelho pretender gerar mais flashes do que Nicole Kidman ou do diretor David Cronenberg.

Pattinson apresenta sua nova colaboração com o diretor canadense em “Maps to the Stars”, enquanto Kristen vai a Cannes mostrar seu trabalho com o francês Olivier Assayas, “Clouds of Sils Maria”. Eles estarão juntos? É o que o mundo quer saber.

Apenas outro famoso pode causar comoção maior no festival. O lendário diretor Jean-Luc Godard volta à competição principal com seu novo experimento – dessa vez em 3D --, “"Adieu au langage". Aos 83 anos, Godard não deu sinal de que vai realmente ao festival. Se aparecer, sua imagem vai rodar o mundo. 

Cinema, glamour e flashes
A chuva de astros que passarão por Cannes durante 12 noites inclui lendas como a italiana Sophia Loren e a francesa Catherine Deneuve, e Ryan Gosling, que desta vez viaja a Cannes com seu primeiro filme como diretor.

Cannes terá um dia carregado de testosterona, com a presença -- como parte de uma campanha publicitária -- de Sylvester Stallone, Harrison Ford e Arnold Schwarzenegger, os astros de "Os Mercenários 3". Rumores indicam que eles chegarão no domingo a este balneário da Côte d'Azur francesa... em um tanque.

O ator e diretor americano Tommy Lee Jones, também muito viril em seu papel de cowboy melancólico, estará acompanhado por Hillary Swank, sua co-estrela, dirigida por ele em um dos filmes mais esperados da competição, "The Homesman".

Entre os latino-americanos, é aguardada a presença do argentino Ricardo Darín, protagonista de "Relatos Salvajes", obra-prima de Damián Szifrón e o único filme da região na disputa pela Palma de Ouro.

Ao subir as escadas do palácio, cobertas com um tapete vermelho de 60 metros de comprimento, os astros e cineastas serão recebidos pelo inesquecível Marcelo Mastroianni: um imenso cartaz do ator, olhando por trás de seus óculos escuros, no filme "8 e 1/2", reina sobre o Palácio dos Festivais.

Os convidados também serão recebidos por Gilles Jacob, que se despede da presidência do Festival nesta edição.

Já a presidência do Júri está a cargo da neozelandesa Jane Campion, a única diretora a ganhar uma Palma de Ouro e que se tornou conhecida na França nos anos 80, quando levou um de seus primeiros curtas-metragens a Cannes.

Outro momento forte desta 67ª edição será o duelo entre dois dos maiores cineastas britânicos, Kem Loach e Mike Leigh, ambos ganhadores de uma Palma de Ouro, e que voltam a competir este ano pelo prêmio.

Loach chega a Cannes com "Jimmy's Hall", sobre um líder comunista nos anos 30 na Irlanda, e Leigh, com "Mr Turner", que conta a história do artista JMW Turner. Alguns especialistas preveem que Loach vá anunciar que este filme será sua última obra de ficção.

Annette Bening e Bérénice Bejo protagonizam "The Search", filme de retorno do francês Michel Hazanavicius, após o sucesso mundial de "O Artista" (2011). Queridinhos do festival, os irmãos Dardenne chegarão com "Two Days, One Night", com Marion Cotillard.

Todos eles fazem parte da competição oficial que vai até 25 de maio. Excepcionalmente este ano, a entrega dos prêmios será antecipada para o sábado (24), para não coincidir com as eleições europeias de domingo.

* Com agências internacionais