Selton Mello diz que se comoveu com meninos não-atores de "Trash"
O filme "Trash - A Esperança Vem do Lixo", que estreia na próxima quinta-feira (9), traz no elenco dois dos maiores atores nacionais da atualidade: Wagner Moura e Selton Mello. Quem rouba a cena, no entanto, são três garotos de 15 anos que nunca haviam atuado.
Rickson Tevez, Eduardo Luis e Gabriel Weinstein interpretam, respectivamente, Raphael, Gardo e Rato, jovens que vivem como catadores de lixo em um aterro no Rio de Janeiro. A vida deles vira de cabeça para baixo quando encontram uma carteira que está sendo procurada pela polícia, que pode prejudicar um deputado corrupto.
"Foi um processo muito normal, de testes em muitas comunidades", contou a jornalistas o diretor britânico Stephen Daldry ("Billy Elliot", "As Horas", "O Leitor"), que capitaneou a coprodução Brasil-Reino Unido. "Passamos muito meses procurando não a atuação, mas a faísca, a força".
Ainda um pouco tímidos com o assédio dos jornalistas, os garotos lembraram como chegaram até o filme. "Eu estava jogando bola na Rocinha, onde eu moro, e veio um cara e uma mulher pedirem o meu nome. Eu fiquei todo animado achando que era para jogar futebol, mas não era, não", relembra Rickson, rindo.
Para Gabriel, a experiência foi "muito legal". "Todo mundo tratou a gente bem", disse o garoto, que vive em Cidade de Deus. Já Eduardo foi achado durante um ensaio da escola de samba Caprichosos de Pilares. "Eu estava ensaiando bateria com o meu primo, e estavam lá duas pessoas aqui do 'Trash' fazendo seleção, mas eu não sabia que era para um filme, achei que fosse para fazer a carteirinha da bateria".
Eduardo até pensa em seguir a carreira de ator, mas, de forma muito madura, acredita que precisa se dedicar primeiro aos estudos. "Antes de pensar em ser ator, eu tenho que acabar os meus estudos primeiro. Eu fiz esse filme agora, mas vai que não dá certo a minha carreira de ator. Eu vou ficar vivendo de passado?", questiona. "Em relação a dinheiro e trabalho, eu não preciso disso agora, tenho só que estudar", conclui Eduardo, com seriedade, para a indignação de Rickson: "O que é isso, moleque?".
Cenas perigosas
Já que a história demandava cenas pesadas, incluindo violência policial com os garotos, a equipe procurou ter o maior cuidado com eles. "Toda a produção deu apoio, tínhamos dublês para as cenas mais perigosas", contou Selton Mello, que interpreta Frederico, um investigador de polícia envolvido no esquema do deputado corrupto.
"Eu fiquei muito comovido na cena com o Rickson, de como ele fez. Tive que sair de lado, porque eu não podia entrar nessa energia". Selton refere-se a uma cena em que o personagem Raphael é espancado por outros policiais para revelar o paradeiro da carteira.
Selton conta que trabalhar com os garotos exigiu dele um outro tipo de abordagem para sua atuação. "Eu trabalhei muito com os meninos, e ali o importante era ir para o jogo. Justamente por eles não serem atores, eles reagiam de forma muito espontânea, e meu trabalho era pegar essa bola e trabalhar com ela".
O ator André Ramiro (de "Tropa de Elite"), que interpreta um agente penitenciário, viu na trajetória dos garotos algo parecido com a sua própria vida. "É engraçada a maneira como eles entraram nesse filme. O caminho foi muito parecido com o meu. O Wagner [Moura] acompanhou esse meu começo. Graças a ele, ao José Padilha e à Fátima Toledo, eu ganhei essa profissão. Então, eu senti que a gente tinha que estar ali".
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