Após ameaça de hackers, comédia "A Entrevista" também é cancelada no Brasil
Sob a ameaça de ataques terroristas de hackers, a Sony Pictures chocou Hollywood ao cancelar a estreia do filme “A Entrevista”, com Seth Rogen e James Franco, na quarta-feira (17). Quem apostava apenas no adiamento do lançamento, recebeu a notícia com espanto. “A Sony Pictures não tem planos futuros de lançamento para o filme”, disse o porta-voz do estúdio.
A estreia da comédia também está cancelada “até segunda ordem” no Brasil, segundo a assessoria de imprensa do estúdio no país. O filme estava programado para estrear em circuito nacional no dia 29 de janeiro. Na comédia, James Franco e Seth Rogen interpretam dois jornalistas recrutados pela CIA para exterminar o líder norte-coreano Kim Jong Un.
Anteriormente, a Sony estava estudando lançar “A Entrevista” online, sob demanda. No entanto, de acordo com a “Variety”, o filme não deve ser lançado nem em DVD, em uma decisão sem precedentes na história de Hollywood. Segundo o site especializado “The Wrap”, o prejuízo do estúdio pode chegar a US$ 90 milhões (cerca de R$ 230 milhões).
Por conta do caso, a Fox divulgou também que não irá lançar em março, como previsto, o longa "Pyongyang", do diretor Gore Verbinski, estrelado por Steve Carell. Baseado na graphic novel de Guy Delisle, o suspense retrata experiências de um ocidental que trabalha na Coreia do Norte por um ano.
Nesta semana, hackers denominados Guardians of Peace chegaram a ameaçar a Sony caso o filme fosse lançado, evocando, de forma obscura, os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Os hackers, que disseram também ser responsáveis por invadir os sistemas da Sony Corp no mês passado, alertaram na terça-feira (16) para que as pessoas ficassem longe dos cinemas que exibissem o filme estrelado por Franco e Rogen. "Recomendamos que vocês se mantenham distantes desses lugares nesse período", escreveram os hackers. "Se sua casa for próxima, é melhor você sair."
Desde o dia 24 de novembro, o Guardians of Peace vem divulgando centenas de dados sigilosos do estúdio, como documentos de folhas de pagamentos, endereços e e-mails constrangedores trocados entre executivos.
Fontes ouvidas pela imprensa americana afirmam que o governo da Coreia do Norte está diretamente ligado ao ataque à Sony Entertainment Pictures, mas o país comandado por Kim Jong-un nega veementemente a autoria o ataque.
Em entrevista coletiva nesta quinta, o secretário de imprensa da presidência americana Josh Earnest disse que o ataque à Sony é considerado "uma séria questão de segurança nacional" e que o governo está considerando uma série de respostas possíveis para quando as investigações do FBI e do Departamento de Justiça forem concluídas. Earnest também teve o cuidado de não afirmar que a Casa Branca acredita no envolvimento da Coreia do Norte.
Críticas de Hollywood
O cancelamento sem precedentes fez com que chovesse reações negativas em Hollywood. O empresário Donald Trump, o ator Steve Carrell e até o roteirista e diretor de comédias Judd Aptow, amigo de Seth Rogen e James Franco, se posicionaram contra ao cancelamento.
“Isso só garante que este filme será visto pelo maior número de pessoas na Terra do que seria antes. Legalmente ou ilegalmente, todos vão assistir”, afirmou Apatow no Twitter.
O roteirista Aaron Sorkin, vencedor do Oscar por “A Rede Social”, disse que “os desejos dos terroristas foram cumpridos”, parte pela imprensa americana que escolheu publicar “fofocas movidas pela desgraça alheia”.
Até o presidente Barack Obama se manifestou. À emissora ABC, ele recomendou que as pessoas não deixem de ir ao cinema.
Após o cancelamento, um cinema no Texas anunciou que vai substituir “A Entrevista” pela animação “Team América: Detonando o Mundo”. Produzido pelos criadores de “South Park”, o filme de 2004 também levantou polêmica por envolver uma conspiração terrorista com o líder norte-coreano Kim Jong-il, pai de Kim Jong-um.
"Nós estamos apenas tentando fazer o melhor em uma situação lamentável", afirmou o gerente do cinema, James Wallace. Nacionalista, ele pretende colocar bandeiras americanas na fachada do prédio. "Isso é como verdadeiros heróis americanos estarão comemorando este ano, mas se você quer deixar os terroristas ganharem... bem, isso é uma prerrogativa sua", criticou.
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