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"A Marvel adorou e quis que déssemos nossa cara", diz diretor de "Big Hero"

Mariane Morisawa

Do UOL, em Burbank (EUA)

24/12/2014 07h00

No estúdio de animação da Disney sob John Lasseter, fundador da Pixar, são os diretores que trazem as ideias. Don Hall ("O Ursinho Pooh") resolveu aproveitar que a Marvel faz parte da mesma companhia desde 2009 para vasculhar seus arquivos em busca de inspiração. Topou com “Big Hero 6”, lançado em 1998 e pouco conhecido. Assim nasceu “Operação Big Hero”, que estreia nesta quinta-feira (25), dirigido por Hall em parceria com Chris Williams. “A Marvel adorou nosso interesse e quis que a gente desse a nossa cara para a história”, garantiu Don Hall na sede do estúdio em Burbank.

Então, que ninguém se engane: “Operação Big Hero” é uma animação da Disney.

Hiro é um gênio de 14 anos que está usando sua inteligência em inúteis e divertidas guerras de robôs. Seu irmão Tadashi, que cuida de Hiro desde a morte dos pais, consegue convencê-lo a visitar o campus da universidade onde estuda. Hiro fica encantado com as invenções de Tadashi e seu grupo de amigos Go Go Tomago, Wasabi e Honey Lemon. Decide bolar um projeto para convencer o professor Robert Callaghan a deixá-lo entrar na faculdade precocemente. E assim inventa os microbôs, robôs do tamanho de tampas de caneta capazes de construir prédios. Depois de um acidente fatal, Hiro precisa lidar com a perda com a ajuda de Baymax, um robô para uso em hospitais criado por Tadashi. Juntos, Hiro, Baymax, mais Go Go, Wasabi, Honey Lemon e Fred, uma espécie de groupie da turma, vão tentar combater um vilão e descobrir o que aconteceu com Tadashi.

“Basicamente, mantivemos os nomes dos personagens”, explicou Hall. Nos quadrinhos, Baymax é um monstro criado por Hiro. No filme, ele ganhou a aparência de um boneco inflável perfeito para abraçar. “Adoro personagens recém-nascidos, que estão vendo o mundo pela primeira vez. Ele é totalmente bom”, disse Williams.

Trailer dublado de "Operação Big Hero"

Na hora de escolher um cenário, sentiram-se livres para decidir por qualquer um, inclusive um fictício – nos quadrinhos da Marvel, as histórias se passam no mundo real. Nova York, muito identificada com a editora de quadrinhos, foi descartada. Bolaram San Fransokyo, uma mistura de São Francisco e Tóquio. “É uma mescla de Ocidente e Oriente, assim como é uma mistura de Marvel e Disney”, explicou Hall. A equipe viajou para as duas cidades. Em Tóquio, preocuparam-se com o tamanho das calçadas, com detalhes como as tampas de bueiros. Em São Francisco, prestaram atenção na luz e na atmosfera.

No mundo de San Fransokyo, nunca houve super-heróis. Hiro, Baymax, Go Go, Wasabi, Honey Lemon e Fred são os primeiros. “Está tudo separado da Marvel, não existe expectativa de que Thor ou Capitão América apareçam. São coisas distintas”, afirmou Williams. Nada de cross-overs, então. “Para nós, é melhor poder criar nossa cosmologia, nosso próprio Big Bang”, explicou Hall.

As habilidades desses heróis não envolvem super-poderes. “Todos são garotos inteligentes. Seus uniformes não os transformam, eles continuam sendo nerds da ciência”, disse o produtor Roy Conli. Wasabi, por exemplo, usa a tecnologia de plasma para construir espadas super afiadas. Honey Lemon combina elementos químicos em bolinhas coloridas de efeitos diversos.

Don Hall nega qualquer tipo de rivalidade com a Marvel – ou com a Pixar, que também é da Disney. “Ficamos felizes de estarmos todos sob o mesmo teto, de podermos torcer uns pelos outros. Temos até Star Wars! A história da Disney mudou muito. É bem legal estar aqui.”