O que foi bem e o que "deu ruim" no Festival de Gramado 2015
O 43º Festival de Gramado chegou ao fim neste sábado (15) cumprindo sua função: exibir a produção brasileira e latina atual, debater cinema e relembrar grandes momentos da sétima arte.
Há muito o que comemorar, como a relevância do evento para o cinema nacional e latino. Muita coisa deu certo, como o filme de abertura, personagens curiosos, bons debates, homenagens importantes. No entanto, como em qualquer evento, as coisas que "deram ruim" também não faltaram.
Em conversa com jornalistas, os curadores Eva Piwowarski, Marcos Santuario e Rubens Ewald Filho disseram que todo ano reveem o que deu errado para melhorar na próxima edição e que contam com sugestões do público e da imprensa para fazer melhor. Confira os pontos altos e baixos da edição:
FOI BEM
"Que Horas Ela Volta?" foi o melhor do Festival
Com o novo filme de Anna Muylaert, estrelado por Regina Casé, Gramado teve uma noite de abertura como não se via há muitos anos. Com estreia marcada para o dia 27 de agosto, o filme fez um retrato do Brasil pós-lula de forma emocionante. A diretora de "Durval Discos" ainda discutiu, sem parecer didática, racismo, machismo e ainda ofereceu uma pontinha de esperança.
Seu Inácio: de anônimo para estrela de cinema
Não só de estrelas vive um festival. Anônimos também podem roubar a cena e brilhar no tapete vermelho, como foi o caso de Seu Inácio, o potiguar de 75 anos que já viu mais de 20 mil filmes e que foi tema de curta da competição. No mesmo dia em que Marília Pêra foi homenageada, Inácio recitou poesias no palco, fez piadas e falou do amor pelo autor gaúcho Erico Verissimo.
Todo ano, nomes de peso do cinema nacional e estrangeiro vêm à Serra Gaúcha, mas é bom quando eles se propõem a um pouco mais do que apenas subir ao palco para receber um troféu. Com carreiras consagradas, Marília Pêra, Daniel Filho, o produtor Zelito Viana e o diretor e produtor argentino Fernando Solanas também dedicaram tempo relembrando as carreiras e apontando para o futuro. Responsável pela superprodução "Se Eu Fosse Você", Daniel Filho, 77 anos, disse que gostaria de fazer filmes de baixo orçamento e atuar mais. "O que eu mais gosto é de atuar, mas me escalam pouco".
Um Kikito para Paulo Miklos
Longe dos cinemas desde 2009, quando atuou em "É Proibido Fumar", Miklos apareceu em Gramado em dois curtas-metragens de destaque: "Dá Licença de Contar" e "Quando Parei de Me Preocupar com Canalhas". No primeiro, deu vida a Adoniran Barbosa, no segundo, a um taxista "reaça" que diz: "No tempo da Ditadura é que era bom". Foi muito elogiado e aplaudido nas duas produções. Ele não apareceu no evento, mas mandou um vídeo simpático exibido no telão do festival.
"DEU RUIM"
Um regulamento estranho
O filme mais elogiado do evento, "Que Horas Ela Volta?", foi retirado da competição. Segundo norma do evento, o filme não pode ter exibição comercial durante o evento e o filme de Anna Muylaert teve uma pré-estreia no dia 11 de agosto em São Paulo. O curta "Como São Cruéis os Pássaros da Alvorada" foi eliminado pelo mesmo motivo. Curiosamente, o festival aceita filme que já passaram em outros festivais do país. Os curadores dizem que planejam rever o regulamento, mas fazem um apelo: "Queríamos pedir para os realizadores se atentarem às regras do festival", diz Rubens Ewald Filho.
Meça as palavras, parça
Com uma carreira respeitada e filmes importantes dos anos 1970 até os 2000, Luiz Carlos Larceda trouxe a Gramado um filme em que a protagonista parece como objeto de desejo de todos os homens da trama. Questionado sobre o tom do filme, o diretor disse que a intenção era retratar as mulheres com toda a força que elas têm, mas concluiu: "Ela não é mulher-objeto, ela está olhando para as armas que tem, aquele peito lindo. A equipe toda ficou de pau duro", concluiu o diretor, arrancando risadas de alguns jornalistas.
Ausências sentidas
Marco Ricca, Othon Bastos, Ney Latorraca, Du Moscovis foram protagonistas de filmes da competição que não vieram ao evento. A presença de atores com papel de destaque enriquecem as discussões e reforçam a importância do festival e sua ausência são sentidas também pelo público. Mariana Ximenes e Vladimir Brichta foram na contramão dos furões e vieram representar seus filmes bem dispostos para o debate.
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