Sem Kevin Spacey, filmagens de "House of Cards" serão retomadas em 2018

O chefe de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, confirmou que as filmagens da sexta (e última) temporada de "House of Cards" serão retomadas no começo de 2018. A produção foi suspensa em outubro depois do protagonista Kevin Spacey ser acusado de assédio sexual.

A sexta temporada do projeto terá oito episódios, com foco em Claire Underwood (papel de Robin Wright). A temporada final não terá a participação de Spacey.

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"Estamos muito animados que conseguimos chegar a um acordo... para a conclusão da série", disse Sarandos, falando nesta segunda-feira (0) em uma conferência em Nova York.

A Netflix espera que em 2018 gaste entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões em materiais próprios, incluindo 80 filmes.

Desde 2013, "House of Cards" é um dos principais produtos da Netflix. A série que mostra os bastidores --e a podridão-- da política norte-americana já foi indicada para 53 Emmys, sendo cinco de melhor série dramática. Spacey, além de estrela da atração, é também seu produtor executivo.

Atualmente, a Netflix está no início de conversas para desenvolver um spin-off da série, ainda sem previsão de lançamento. De acordo com a revista "Variety", há várias ideias sendo tratadas entre os executivos da Netflix. Uma delas é centrar a nova história no personagem Doug Stamper (Michael Kelly), com roteiro escrito pelo produtor Eric Roth.

Assédio e repercussão

Em entrevista ao site BuzzFeed News em outubro, Anthony Rapp, no ar em "Star Trek: Discovery", relatou que foi assediado por Kevin Spacey em uma festa na casa do ator. Na ocasião, ele tinha 14 anos e o veterano, 26. Rapp estava sentado na beira de uma cama, quando o vencedor do Oscar, hoje com 58 anos, entrou no quarto, aparentemente bêbado.

"Ele me carregou no colo como um noivo carrega a noiva. Mas eu não me afastei inicialmente, porque estava me perguntando: 'O que está acontecendo?'. Ele, então, se deitou em cima de mim", contou Rapp, acrescentando que conseguiu se desvencilhar e escapar.

Em nota, Kevin Spacey disse estar "horrorizado" pelo relato, e afirmou que não se lembra do encontro. "Mas se eu tiver me comportado da forma como ele descreve, devo a ele as mais sinceras desculpas pelo que teria sido um comportamento etílico inapropriado". Spacey afirmou ainda que "admira" Rapp. "Eu sinto muito pelos sentimentos que ele diz ter carregado por todos esses anos."

O astro também fez revelações sobre a própria sexualidade, o que provocou críticas da comunidade LGBT: "Amei e tive relacionamentos românticos com homens, ao longo da minha vida, e escolhi hoje viver como um homem gay. Quero lidar com isso de forma honesta e aberta, e isso começa comigo examinando meu próprio comportamento."

Logo após o escândalo estourar, a Netflix suspendeu a produção da sexta temporada de "House of Cards", que já estava em andamento. Dias depois, oito funcionários da produção disseram ter sido assediados ou abusados por Spacey, que também é produtor da série. 

O ator foi alvo ainda de outras denúncias -- uma, inclusive, de estupro. A Netflix então anunciou que não trabalharia “em qualquer produção de ‘House of Cards’ que inclua Kevin Spacey”, cortando os laços com o ator, e ainda cancelou o lançamento do filme "Gore", que já estava em pós produção. 

Spacey sofreu ainda outro golpe com o filme "Todo o Dinheiro do Mundo". O diretor Ridley Scott optou por tirá-lo completamente do filme, que já estava finalizado, e refilmar suas cenas com o ator Christopher Plummer -- tudo isso a pouco mais de um mês da estreia, em uma operação que custou "milhões", segundo a revista "Variety".