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Dois filmes, uma filha e muito sucesso: 2017 foi o ano de Gal Gadot

Gal Gadot na pré-estreia de "Mulher-Maravilha" em Los Angeles, em maio - Frazer Harrison/Getty Images
Gal Gadot na pré-estreia de "Mulher-Maravilha" em Los Angeles, em maio Imagem: Frazer Harrison/Getty Images

Natalia Engler

Do UOL, em Londres (Inglaterra)*

27/12/2017 04h00

Ela já havia sido apresentada em 2016 e com poucos minutos na tela conseguiu formar um consenso de que era a melhor coisa de "Batman vs Superman: A Origem da Justiça". Mas 2017 foi ano que lançou Gal Gadot ao estrelato de forma fulminante.

Com "Mulher-Maravilha", lançado em maio, a israelense de 32 anos entrou para aquele panteão de atores que é a versão definitiva de determinado personagem. Assim como Christopher Reeve era o Superman, Gal Gadot é Diana Prince: o mesmo brilho por onde quer que passe, o mesmo olhar benevolente, a mesma esperança no lado bom das pessoas.

Na conjunção astral que permitiu que uma das personagens mais marcantes da cultura pop chegasse à telona depois de mais de 75 anos --franquias anteriores já haviam provado o poder de bilheteria das heroínas, a DC estava tentando desenvolver seu universo cinematográfico etc.-- Gadot certamente foi um ingrediente essencial (ao lado da diretora Patty Jenkins, que trouxe frescor ao universo dos super-heróis com uma visão diferente do que significa heroísmo). E ela estava muito grata por isso.

"É louco! Homens e meninos, quando eram crianças, tinham Superman, Batman, Homem-Aranha e muitos outros para se inspirar", disse Gadot ao UOL, em maio. "Tivemos a série da Lynda  Carter, mas não tínhamos figuras femininas fortes para nos espelhar no cinema. Apenas estou feliz de finalmente estar acontecendo, e de eu ser a pessoa que vai contar a história", comemorou, animada, mesmo não podendo nem se sentar para dar entrevistas, por conta de uma lesão nas costas.

Gal Gadot em cena de "Mulher-Maravilha", de Patty Jenkins - Clay Enos/ TM & (c) DC Comics - Clay Enos/ TM & (c) DC Comics
Imagem: Clay Enos/ TM & (c) DC Comics

A lesão talvez fosse um sinal de quanto as coisas vinham sendo intensas para Gadot, e continuaria sendo. Ela, que já era mãe de Alma, hoje com seis anos, há algum tempo tinha vontade de ter mais um filho, mas teve que se virar para encaixar a gravidez no meio dos outros projetos. Ela fez os cálculos para engravidar em meados de 2016, na metade das filmagens de "Liga da Justiça", depois de terminar a parte mais pesada, e terminou o filme de barrigão (também chegou a regravar algumas cenas de "Mulher-Maravilha" com a barriga coberta de verde para ser apagada digitalmente). Maya nasceu em março deste ano, pouco antes de Gadot ter que pegar a estrada para promover o filme da heroína.

"Eu tive uma filha seis semanas antes de começarmos a promover o filme", relembrou Gadot em novembro, já promovendo "Liga da Justiça", durante conversa com jornalistas da qual o UOL participou. "Durante a divulgação, eu machuquei a coluna, e quando o filme saiu, tive que cuidar disso. E foi tão maluco, porque, por um lado, as coisas mais incríveis tinham acabado de acontece. Eu trouxe vida nova para o mundo, eu tive mais uma filha, e o filme saiu. Na verdade, foi como ter dois partos", contou, rindo. 

E os dois rebentos vieram ao mundo muito saudáveis, ao que consta. "Mulher-Maravilha" quebrou vários recordes e chegou a quase US$ 822 milhões de bilheterias em todo mundo, além de encantar críticos e fãs.

Aos dois partos do primeiro semestre ainda seria somado um terceiro, o de "Liga da Justiça". Apesar de o filme não ser o maior sucesso da DC Comics no cinema e não ter convencido a crítica, mais uma vez houve poucos que discordaram de que Gadot era uma das melhores coisas do filme. E em meio às incertezas que a bilheteria aquém do esperado trouxe para o futuro desse universo de heróis nas telonas, "Mulher-Maravilha 2" continua firmemente confirmado para 2019 (além disso, a história de origem da heroína foi um dos poucos alentos em uma temporada fraquíssima nas bilheterias).

Gadot ainda não entrou para a lista de atores mais bem pagos de Hollywood, mas certamente já está no hall das estrelas de primeira grandeza, que arrastam legiões de fãs e é imitada por garotinhas em todo o mundo. Uma responsabilidade da qual ela agora parece estar bem consciente.

"Eu nunca pensei sobre isso antes de aceitar o papel, mas sinto sim a importância de me mostrar de uma certa maneira, e da mensagem que eu levo ao mundo, talvez especialmente porque agora sou mãe de duas meninas. Vivemos em uma época em que as redes sociais são muito fortes e muita gente que tem muitos seguidores apenas posta fotos de biquíni, ou de comida", aponta. 

mulher maravilha - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"Acho que é um desperdício de poder. Eu não sou especial, sou só uma atriz que teve a sorte de interpretar esta personagem. Mas acho que cada um de nós tem uma mensagem, tem uma missão, não precisa necessariamente ser grande. Muita gente está fazendo isso, usando suas redes sociais de uma maneira incrível. Mas outros não estão. E acho que se usassem, criaria um ótimo ambiente para as crianças. Quando eu me encontro com fãs, e especialmente quando eles são jovens, é importante para mim mostrar a eles algo de bom", diz.

E pelo visto não são só palavras. Em meio às inúmeras denúncias de assédio e abuso sexual que emergiram em Hollywood nos últimos meses, surgiu também a notícia de que Gadot se recusava a seguir como Mulher-Maravilha se a empresa do produtor Brett Ratner, um dos acusados, estivesse envolvido na sequência (depois ela esclareceu que não precisou dar nenhum ultimato, porque todos os envolvidos dividiam a mesma opinião). Ela também já havia se recusado a entregar uma homenagem ao cineasta durante uma premiação.

Ela também aproveitou toda a conversa sobre a necessidade de mudarmos a forma como as mulheres são tratadas na nossa sociedade para mandar um recado sobre o traje de sua personagem --e, de quebra, sobre liberdade para as mulheres vestirem o que quiserem. E completou: “Falando sobre tudo que está acontecendo em Hollywood neste momento, eu li uma frase dita pela Cate Blanchett. Ela disse: ‘Toda mulher quer se sentir sexy, mas isso não significa que ela queira fazer sexo com você’. E acho que isso tem a ver com o traje [da Mulher-Maravilha] porque queremos que nossos super-heróis pareçam fortes e atraentes".

Mas se a responsabilidade de ter se tornado um modelo para tantas crianças já está bem delineada para a atriz, ainda é difícil para ela entender bem a dimensão de tudo que viveu este ano.

"Como tudo estava acontecendo de uma vez, você não consegue nem se dar conta. É tão avassalador... Eu me conheço, eu sei que compreendo as coisas que acontecem comigo sempre em retrospecto, então sei que daqui um ou dois anos vou pensar: 'Uau, isso foi muito...' Não sei o que dizer porque não sei como vou me sentir até lá. Mas é tão avassalador e tão incrível, e me sinto muito agradecida e sortuda por tudo que aconteceu este ano. Já me sinto mal por 2018, porque vai ser difícil superar", concluí, abrindo mais uma vez um sorriso luminoso.

Assista ao trailer de "Mulher-Maravilha":

UOL Entretenimento

* A jornalista viajou a convite da Warner Bros.