Com história intimista, Meryl Streep humaniza Margaret Thatcher em "A Dama de Ferro"
Meryl Streep vem colecionando prêmios na pele da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, protagonista da cinebiografia "A Dama de Ferro". Já ganhou um Globo de Ouro e um Bafta e, de quebra, concorre neste dia 26 à sua 17ª indicação ao Oscar, mais uma vez como melhor atriz.
A DAMA DE HOLLYWOOD
Com 17 indicações ao Oscar em seu currículo e um recém-recebido Urso de Ouro honorário, Meryl Streep usa seu talento e o status de uma das maiores atrizes de Hollywood para dar vida à controversa ex-primeira ministra britânica Margaret Thatcher
Exímia na atuação e no domínio de sotaques, Meryl é certamente o grande trunfo do filme da britânica Phyllida Lloyd ("Mamma Mia!"), com roteiro de Abi Morgan (do ainda inédito "Shame"), e no qual se demonstra mais preocupação com um tom intimista do que de fidelidade histórica.
O foco do enredo está na humanização de sua polêmica personagem, que governou a Inglaterra com mão de ferro entre 1979 e 1990, notabilizando-se por uma defesa estrita do monetarismo, da privatização de estatais, da flexibilização do mercado de trabalho e cortes de benefícios sociais, eliminando até o salário mínimo (restabelecido por Tony Blair em 1999).
Passando um tanto batido por boa parte desse contexto político, o filme retrata a ex-primeira-ministra - que está viva, com 86 anos - na atualidade, como uma velha senhora abalada pela pré-senilidade, solitária e cercada de auxiliares mais empenhados em vigiá-la do que acolhê-la. Difícil não se sentir penalizado diante desta situação, ainda mais contando com uma intérprete do quilate de Meryl Streep para explorar suas nuances.
Despojada de sua glória, esta senhora fragilizada tem pouco mais a fazer do que recordar o passado, que ela não raro discute com o fantasma do marido, Denis (Jim Broadbent) - uma sombra dos bons tempos que parece recusar-se a abandoná-la.
As lembranças trazem de volta as imagens de uma jovem de província (interpretada nesta fase por Alexandra Roach). Filha de um comerciante, ela vem de baixo e vai abrindo seu caminho, à custa de muito trabalho e estudo, na prestigiada universidade de Oxford.
Por influência do pai e do marido, que foi um executivo da indústria petrolífera, Margaret entra para o reduto machista da política. Apesar disto, com persistência e seguindo conselhos de alguns aliados, muda de penteado e impõe seu estilo, para tornar-se a primeira mulher a alcançar o cargo de primeira-ministra na Inglaterra.
Dificilmente não despertaria simpatia uma narrativa carregada deste tom feminista. O problema é que a época de Thatcher, como é de conhecimento geral, foi marcada por episódios cruciais, como a Guerra Fria, uma longa greve de mineiros, a Guerra das Malvinas com a Argentina e o enfrentamento com o Exército Republicano Irlandês (IRA) - que armou uma bomba para tentar matá-la, em 1984.
Sendo assim, o filme parece uma sombra pálida demais para retratar uma personagem assim complexa. E, ao contrário do consistente "J. Edgar", de Clint Eastwood, que lidou à altura com o não menos polêmico chefão do FBI, John Edgar Hoover, "A Dama de Ferro" não dá conta nem de um mínimo da ambiguidade de sua importante protagonista.
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