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Cinema latino-americano mostra faceta globalizada no Festival de Berlim

Michael Roddy e Sarah Marsh

De Berlim (Alemanha)

12/02/2014 17h48Atualizada em 12/02/2014 19h02

Um curador da "Nova Era" e o filho alienado que cria falcões formam a estranha dupla central de "Aloft", filme da diretora peruana Cláudia Llosa, falado em inglês, que demonstrou nesta quarta-feira (12) a maturidade do cinema da América Latina no Festival de Cinema de Berlim.

Num ano em que o sucesso espacial "Gravidade" é cotado para garantir a glória do Oscar ao diretor mexicano Alfonso Curón, pequenas produções internacionais com forte estilo artístico latino-americano estão cada vez mais deixando sua marca no cinema.

Em 2009, Cláudia ganhou o prêmio de melhor filme do festival, o Urso de Ouro, com "A Teta Assustada", falado em espanhol.

Desta vez seu filme é em inglês, refletindo uma tendência não apenas em obras da América Latina, onde o financiamento pode vir de fontes norte-americanas, europeias e outras de fora. O elenco, valores da produção e mesmo a "supervisão" são cada vez mais globalizados.

"Aloft" foi rodado no Canadá e classificado como uma produção francesa, espanhola e canadense, com elenco internacional que inclui o ator irlandês Cillian Murphy, como o criador de falcões, a norte-americana Jennifer Connelly, como sua mãe, e a francesa Melanie Laurent no papel de uma jornalista que produz documentários.

"O mundo está ficando menor", disse Murphy em uma entrevista à imprensa após a exibição. "As histórias são universais e se você contar bem a história, espera-se que ela seja atraente" para todos.

Sobrinha do escritor peruano Mário Vargas Llosa, Cláudia disse que a única coisa que mudou em seu estilo de dirigir foi o idioma: "Não vi uma diferença marcante do modo como trabalhamos no Peru".

"Em geral foi um processo aberto, os atores abriam seus corações comigo... e o próprio fato de eu poder sentar-me com eles e lhes falar da história era como a realização de um sonho", disse ela.

Evolução na América Latina

As mudanças no cinema da América Latina foram realçadas pelo envolvimento em Berlim do veterano diretor norte-americano Martin Scorsese, produtor-executivo de um sofisticado filme argentino que participa da mostra, falando em espanhol - "A Terceira Margem", da diretora Celina Murga.

"Houve uma cerca evolução do cinema na América Latina durante os últimos dez anos, as coisas mudaram", disse o produtor do filme, Juan Villegas.

Com o crescente envolvimento internacional no cinema da região, os "festivais estão mostrando mais filmes do Brasil, México, Argentina", acrescentou.

O participante brasileiro, "Praia do Futuro" também tem um ar internacional, retratando um relacionamento homossexual entre um piloto alemão de motocicleta, interpretado pelo ator alemão Clemens Schick, e um salva-vidas brasileiro, papel de Wagner Moura.