Cinema latino-americano mostra faceta globalizada no Festival de Berlim
Um curador da "Nova Era" e o filho alienado que cria falcões formam a estranha dupla central de "Aloft", filme da diretora peruana Cláudia Llosa, falado em inglês, que demonstrou nesta quarta-feira (12) a maturidade do cinema da América Latina no Festival de Cinema de Berlim.
Num ano em que o sucesso espacial "Gravidade" é cotado para garantir a glória do Oscar ao diretor mexicano Alfonso Curón, pequenas produções internacionais com forte estilo artístico latino-americano estão cada vez mais deixando sua marca no cinema.
Em 2009, Cláudia ganhou o prêmio de melhor filme do festival, o Urso de Ouro, com "A Teta Assustada", falado em espanhol.
Desta vez seu filme é em inglês, refletindo uma tendência não apenas em obras da América Latina, onde o financiamento pode vir de fontes norte-americanas, europeias e outras de fora. O elenco, valores da produção e mesmo a "supervisão" são cada vez mais globalizados.
"Aloft" foi rodado no Canadá e classificado como uma produção francesa, espanhola e canadense, com elenco internacional que inclui o ator irlandês Cillian Murphy, como o criador de falcões, a norte-americana Jennifer Connelly, como sua mãe, e a francesa Melanie Laurent no papel de uma jornalista que produz documentários.
"O mundo está ficando menor", disse Murphy em uma entrevista à imprensa após a exibição. "As histórias são universais e se você contar bem a história, espera-se que ela seja atraente" para todos.
Sobrinha do escritor peruano Mário Vargas Llosa, Cláudia disse que a única coisa que mudou em seu estilo de dirigir foi o idioma: "Não vi uma diferença marcante do modo como trabalhamos no Peru".
"Em geral foi um processo aberto, os atores abriam seus corações comigo... e o próprio fato de eu poder sentar-me com eles e lhes falar da história era como a realização de um sonho", disse ela.
Evolução na América Latina
As mudanças no cinema da América Latina foram realçadas pelo envolvimento em Berlim do veterano diretor norte-americano Martin Scorsese, produtor-executivo de um sofisticado filme argentino que participa da mostra, falando em espanhol - "A Terceira Margem", da diretora Celina Murga.
"Houve uma cerca evolução do cinema na América Latina durante os últimos dez anos, as coisas mudaram", disse o produtor do filme, Juan Villegas.
Com o crescente envolvimento internacional no cinema da região, os "festivais estão mostrando mais filmes do Brasil, México, Argentina", acrescentou.
O participante brasileiro, "Praia do Futuro" também tem um ar internacional, retratando um relacionamento homossexual entre um piloto alemão de motocicleta, interpretado pelo ator alemão Clemens Schick, e um salva-vidas brasileiro, papel de Wagner Moura.
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