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21/05/2008 - 21h25

Soderbergh adota tom frio para contar ascensão e queda de Che Guevara


THIAGO STIVALETTI

Colaboração para o UOL, de Cannes
Alguns cineastas terminaram seus filmes em cima da hora para Cannes, mas nenhum como Steven Soderbergh ("Traffic", "Onze Homens e um Segredo"). O diretor americano terminou aos 45 do segundo tempo o seu épico "Che", sobre o guerrilheiro argentino Che Guevara, estrelado por Benicio del Toro, com quatro horas e meia de duração.

Divulgação
Benicio del Toro faz o papel do revolucionário Che Guevara
FOTOS DO FILME
ENTREVISTA COM SANTORO
ENTREVISTA COM PERUGORRIA
O filme aportou em Cannes hoje e foi exibido de uma vez só, no fim da tarde - sessões para a imprensa em duas salas ao mesmo tempo em que ocorria a sessão de gala, no Palácio dos Festivais. Havia uma dúvida se a longa duração iria afastar o público, mas o interesse não podia ser maior. As duas sessões de imprensa lotaram depois de formar filas gigantescas; na gala, basta dizer que Madonna e Sharon Stone passaram pelo tapete vermelho do filme.

Ao ver-se "Che", fica evidente que o filme só está na competição deste ano pela importância política do tema, com a especulação sobre o futuro de Cuba depois do afastamento de Fidel. Soderbergh adota um tom sóbrio demais, com uma clara admiração pelo guerrilheiro, mas sem nenhuma paixão nas cenas - como se as táticas de guerrilha fossem algo cerebral como os lances de xadrez.

"Che" é dividido em duas partes. A primeira mostra o sucesso do guerrilheiro ao juntar-se a Fidel Castro (o excelente Demián Bachir, perfeito como o ex-ditador) e seu irmão Raúl (Rodrigo Santoro, em participação pequena) para fazer a Revolução Cubana. Em paralelo à ação em Cuba, o filme costura uma entrevista de Che a uma jornalista americana e alguns de seus discursos virulentos nas Nações Unidas, em Nova York. A segunda parte mostra a experiência fracassada de fazer a revolução na Bolívia, onde termina morto pelos militares.

São poucas as cenas realmente inspiradas, como a do soldado boliviano encarregado de vigiar Che quando ele vai preso, que se mostra muito curioso sobre a situação em Cuba - um potencial revolucionário que teve medo de "enfrentar o sistema". Mas é pouca coisa para as longas quatro horas e meia.

Fora a ironia de ter a história do maior guerrilheiro latino-americano contada por um diretor de Hollywood, ainda que numa produção independente. Fidel certamente vai torcer o nariz.

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