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12/05/2009 - 07h00

Repleto de grandes nomes, Cannes promete "festival sombrio"

THIAGO STIVALETTI
Colaboração para o UOL
O 62º Festival de Cannes, que começa nesta quarta (13), já está sendo conhecido como o festival dos grandes mestres.

Há muito tempo o festival não reunia um time tão seguro de cineastas consagrados em sua seleção. Dos 20 concorrentes, quatro já venceram a Palma de Ouro anteriormente: Quentin Tarantino ("Pulp Fiction"), Lars Von Trier ("Dançando no Escuro"), Jane Campion ("O Piano") e Ken Loach ("Ventos da Liberdade").
  • Divulgação/Montagem UOL

    Da esq. para a dir.: "Bastardos Inglórios", "Vengeance", "Drag me to Hell", "Antichrist" e "Thirst" são alguns dos filmes que vão dar um tom mais sombrio ao Festival de Cannes deste ano

Outros três - Pedro Almodóvar, Michael Haneke e Marco Bellochio - são considerados grandes cineastas contemporâneos, já competiram muitas vezes, e há uma grande torcida para que finalmente levem a Palma. Alain Resnais, um dos fundadores da Nouvelle Vague francesa, volta à competição após um intervalo de quase 30 anos - a última vez havia sido com "Meu Tio da América", em 1980. E uma única cineasta figura pela primeira vez na seleção oficial: a espanhola Isabel Coixet, de "Minha Vida Sem Mim", com o novo "Map of the Sounds of Tokyo".

Até nas mostras paralelas a presença de grandes nomes é forte: Francis Ford Coppola recusou um lugar na competição para abrir a Quinzena dos Realizadores com o novo "Tetro". Na mostra Um Certo Olhar, nomes conhecidos dos freqüentadores da Mostra de São Paulo e do Festival do Rio, como o japonês Hirokazu Kore-Eda, o iraniano Bahman Ghobadi e o francês Alain Cavalier.

ASSISTA À REPORTAGEM DA AFP


Mas Cannes 2009 também pode entrar para a história como um festival sombrio, por dois motivos. O primeiro é o perfil, digamos, sinistro de muitos filmes da seleção. Primeiro, Tarantino, sempre ele, com "Bastardos Inglórios", que promete quilos de cabeças escalpeladas de nazistas na Segunda Guerra. Depois, dois filmes de terror: Lars Von Trier exibirá seu primeiro filme do gênero, o aguardado "O Anticristo", na competição; e fora dela, Sam Raimi (de "Homem-Aranha") retorna aos seus demônios de "Evil Dead" com "Drag Me To Hell".

O austríaco Michael Haneke (com "Le Ruban Blanc" / A Faixa Branca) e o franco-argentino Gaspar Noé (com "Enter the Void" / Entre no Vazio) sempre oferecem experiências traumáticas. E mais dois banhos de sangue virão da Ásia: "Thirst" (Sede), um thriller de vampiros do coreano Park Chan-wook (de "Oldboy"); e "Vengeance" (Vingança), do chinês Johnny To.

O segundo fator que leva ao festival sombrio não tem nada a ver com o teor dos filmes. Trata-se da crise, que também chegou ao mercado de cinema. Esperam-se distribuidores muito menos ávidos por títulos do que no ano passado, já que o crédito diminuiu em quase toda parte e o dólar se fortaleceu em relação ao ano passado.

A moeda americana tem se desvalorizado nas últimas semanas em relação ao real, mas a sua cotação um ano atrás era de cerca de R$ 1,68. Ou seja, houve ainda assim uma valorização de 22% em relação ao festival de 2008, o que torna os filmes mais caros para os distribuidores brasileiros. Porém, com os distribuidores de todo o mundo em aperto, os produtores também deverão baixar os preços de venda dos filmes. "Os produtores terão que oferecer filmes de menor orçamento a preço baixo", disse um grande distribuidor à revista "Variety".

Nada que atrapalhe a festa e a diversidade. Em Cannes, mesmo os momentos sombrios hão de render grandes filmes - e negócios menores, mas sempre atraentes para cinéfilos de todas as partes.

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