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11/02/2010 - 09h26

"Os efeitos visuais, para mim, são apenas um instrumento", diz Werner Herzog em Berlim

ALESSANDRO GIANNINI
Enviado especial a Berlim
  • Getty Images

    Werner Herzog, Yu Nan, Renée Zellwegger e José Maria Morales posam para os fotógrafos antes da apresentação do júri da mostra competitiva do Festival de Berlim

Com algumas polêmicas e frases de efeito, o 60o. Festival de Berlim abriu as atividades na manhã desta quinta (11) com a apresentação do júri da mostra competitiva, que este ano será presidido pelo diretor alemão Werner Herzog. O corpo de jurados será formado pela diretora italiana Francesca Comencini, pelo escritor somali Nuruddin Farah, pela diretora alemã Cornelia Froboess, pelo produtor espanhol José Maria Morales, pela atriz chinesa Yu nan e pela atriz americana Renée Zellwegger.

Os alvos da maior parte das perguntas foram naturalmente Herzog e Renée Zellwegger, que responderam sobre critérios de julgamento e a oportunidade de fazer parte do júri da mostra competitiva de um festival como o de Berlim, mais afeito aos filmes de pequeno porte e maior apuro narrativo. O alemão é um veterano do festival. Sua primeira participação foi em 1968, com "Signs of Life", pelo qual recebeu o Urso de Prata para melhor filme de estreia. "Fico surpreso que ainda hoje o festival continua aberto a todo tipo de manifestação e sempre em busca de novos valores", disse ele.

Renée Zellwegger esteve na Berlinale no ano passado, com o filme "My One and Only", de Richard Loncraine, sobre uma mãe e busca de uma família para seu filho nos anos 1950, nos Estados Unidos. A atriz falou sobre a dificuldade de definir que pode ser um bom filme. "Concordo com Werner [Herzog] sobre a impossibilidade de definir o que é um bom filme", disse ela. "O que mais gosto é quando um filme nos move, nos toca e nos inspira a rever o que achamos que sabemos a respeito das coisas."

Ao ser questionado sobre as atividades da escola de cinema que mantém nos Estados Unidos, Herzog também foi indagado sobre sua ligação com a indústria do cinema americano. "Não trabalho em Hollywood, sou casado com uma americana e moro em Los Angeles", tratou de esclarecer. "De qualquer maneira, existe uma crise de dramaturgia em Hollywood. Não existem mais filmes como 'O Tesouro de Sierra Madre' ou 'Casablanca'. Por isso, eles estão cada vez mais olhando na minha direção."

O melhor da coletiva, no entanto, ficou para o final, quando Herzog foi questionado sobre a dificuldade dos grandes festivais como o de Berlim de absorver as grandes transformações tecnológicas pelas quais vem passando o cinema e os filmes resultantes delas, como por exemplo "Avatar", de James Cameron. "Não nego essas transformações, ao contrário", disse ele. "Mas para mim são apenas instrumentos para contarmos histórias. Recentemente, assisti 'Avatar' e, apesar de alguns problemas na história, é um filme fenomenal em termos de efeitos. Adoro a passagem em que aqueles pequenas águas-vivas são atraídas para o corpo do personagem. O que realmente importa é a história."

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