Vencedor do prêmio do Júri no Festival de Cannes, em maio último, a sátira política "ll Divo", de Paolo Sorrentino, radiografa o ex-primeiro-ministro italiano Giulio Andreotti. O filme tem uma única exibição no Festival do Rio neste domingo (5), às 20h30, no Cine Palácio.

O protagonista é o ator-fetiche do diretor Sorrentino, Toni Servillo, que atuou em dois de seus filmes anteriores, "As Conseqüências do Amor"e "O Amigo de Família". Veterano ator de teatro, Servillo coloca todos os seus recursos dramáticos e histriônicos para encarnar Andreotti, figura central da Democracia Cristã por 40 anos e várias vezes primeiro-ministro da Itália.

Servillo cria voz e postura corporal muito marcantes para interpretar o político. A ambigüidade do personagem é colocada em primeiro plano, sem que ele se transforme numa caricatura.

O Andreotti de Servillo é profundamente astuto e humano, duas características que explicam sua longa sobrevivência na política italiana, resistindo sem danos a processos por todo tipo de acusação comprometedora, da corrupção às fraudes eleitorais. Ele não foi atingido nem mesmo num período em que mafiosos lhe declararam guerra.

O tom ácido de "ll Divo" não deixa dúvidas de que as intenções do diretor italiano são de fornecer elementos para uma reflexão sobre o próprio processo político de seu país, traçando um paralelo entre as artes de Andreotti e a atual persistência do não menos polêmico primeiro-ministro, Silvio Berlusconi.

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