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05/10/2008 - 14h13

Pablo Trapero retrata maternidade em situação-limite em "La Leonera"

NEUSA BARBOSA

Colaboração para o UOL, do Rio
Drama ambientado numa prisão feminina, "La Leonera", do diretor argentino Pablo Trapero, competiu pela Palma de Ouro no último Festival de Cannes. Não levou prêmios mas consolidou seu prestígio como um dos mais talentosos diretores argentinos da nova geração, conceito que vem sendo formado desde sua estréia, em 1999, "Mundo Grua", prêmio da crítica no Festival de Veneza.

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O ator brasileiro Rodrigo Santoro faz o papel do marido homossexual da personagem principal de "La Leonera"
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Com o filme, o argentino Pablo Trapero consolida seu prestígio como diretor da nova geração de cineastas argentinos
"LA LEONERA" E RODRIGO SANTORO EM CANNES
ASSISTA AO TRAILER DO FILME
A história envolve um triângulo amoroso e um assassinato, que provoca a prisão tanto de Ramiro (o ator brasileiro Rodrigo Santoro, falando espanhol), quanto de Júlia (Martina Gusmán), que está grávida. Produtora de vários filmes de Trapero, com quem é casada, Martina faz aqui seu primeiro papel como protagonista no cinema.

Em entrevista no Rio, Rodrigo Santoro contou que, quando foi filmar "La Leonera", já tinha estudado espanhol com um professor particular do Instituto Cervantes do Rio de Janeiro. Isso aconteceu porque o ator já filmava outra produção falando essa língua, o ainda inédito "Che", de Steven Soderbergh, em que interpreta Raúl Castro, irmão de Fidel.

Ainda assim, Rodrigo teve de adaptar o sotaque. "Quando fui filmar 'Leonera', já tinha uma boa experiência com a língua, mas meu sotaque era caribenho. Meu professor, aliás, era cubano, até porque era essa a necessidade em 'Che'. E há muita diferença para o modo de falar argentino, que usa muito o 'vos', enquanto o cubano usa mais 'tu'", explicou.

Outra dificuldade para Rodrigo foi não ter muito tempo para preparação. "Filmamos muito rápido, eu não tinha muito tempo no set e tudo o que Pablo me disse foi que meu personagem aparecia poucas vezes mas ia dizer muita coisa".

Em termos da pesquisa para a história, que foi filmada numa prisão real na Argentina, um dos desafios para a atriz Martina Gusman foi vencer a resistência da presas. "Não foi nada fácil a experiência de entrar ali, ser trancada e me ver cercada pelas mulheres. A princípio, elas tinham muita desconfiança sobre o que eu tinha ido fazer ali. Quando se convenceram que era um filme, todas queriam me contar suas histórias".

Apesar disso, as cenas mais complicadas, tanto para a atriz, quanto para o diretor, foram algumas em que Martina atua sozinha. "Há uma cena em que golpeio minha barriga de grávida que eu não queria fazer. Eu e Pablo tivemos muitas brigas por causa disto", revela a atriz.

O diretor Trapero destaca o impacto emocional que a história vem causando desde sua première em Cannes. "Muitas pessoas pensam que a barriga de grávida de Martina era real e que a criança que aparece ali é realmente nosso filho. Já li isto inclusive em críticas. Para mim, isto é uma prova de que as pessoas criam uma relação afetiva com o filme".

Para o diretor, aliás, "La Leonera" não é um filme de prisão. "Eu o vejo mais como um filme sobre a maternidade. O que move todos esses personagens é a necessidade de amor".

No Festival do Rio, "La Leonera" tem sessões programadas para esta segunda (6), às 17h30 e 22h, no Estação Ipanema 2. Na terça (7), repete às 15h30 e 19h50, no Estação Vivo Gávea 1. E tem sua última exibição na quarta (8), às 21h, no Cine Santa.

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