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Filme sobre desejo de trabalho estável mistura Chaplin e Forrest Gump

Veneza (Itália)

04/09/2013 14h45

O desejo de um trabalho estável é o tema chave do segundo filme italiano na disputa oficial do Festival de Veneza, "L'intrepido", do veterano cineasta Gianni Amelio, último vencedor italiano do Leão de Ouro, em 1998.

Interpretado pelo humorista Antonio Albanese, em uma mistura de Chaplin e Forrest Gump italiano, pela maneira como une ingenuidade, bondade e otimismo, o filme dividiu a crítica, com direito a aplausos e vaias na primeira exibição.

Ambientado em Milão, uma cidade cinzenta e, em alguns momentos, bela e moderna, com a crise econômica como pano de fundo, o filme narra a vida de um homem de quase 50 anos, disponível para substituir a qualquer momento um funcionário ausente, passando de operário da construção civil a condutor de bonde, de camareiro a vendedor de flores, de bibliotecário a vendedor de sapatos.

Dividido entre o desespero e a esperança, o filme de Amelio pretende ser uma metáfora dos tempos modernos, do peso do trabalho precário, mas com uma mensagem de esperança: os desejos podem ser concretizados.

Como boa parte dos filmes apresentados na 70ª edição do festival, que termina sábado, 'L'intrepido' mostra a incerteza a respeito do futuro, no qual o otimismo é uma fantasia e a vida parece ter sempre um sabor amargo.

"Um filme que respira o ar de nosso tempo e que com frequência para com o objetivo de suspirar", definiu Amelio, que participa pela sexta vez no Festival de Veneza, depois de ter exibido, entre outros, "Ladrão de Criança" (1992) e o premiado "Assim Eles Riam" (1998).

Separado da mulher, que tem uma vida cômoda com o novo companheiro, Albanese, no papel de Antonio Pane, é um pai solitário que vive sem meta precisa, nutre esperanças pelo filho saxofonista, uma relação que descreve as profundas mudanças na família italiana tradicional, a distância cultural e social entre paie e filho, fio condutor de quase todos os filmes de Amelio.

Um belo solo de sax no final alivia a tristeza e permite imaginar um "final feliz". "Meu filme é um hino ao homem digno", resume Amelio sem temer críticas.