Christian Bale diz que Heath Ledger está presente em "O Cavaleiro das Trevas Ressurge"
Os fãs que possam ter torcido o nariz quando Christian Bale foi o escolhido por Christopher Nolan em 2004 para o papel de Bruce Wayne e Batman --David Boreanaz, da série "Bones", era a outra opção--, já devem estar plenamente convencidos. O ator britânico trouxe a dimensão psicológica exata para o personagem: uma mistura, como ele mesmo diz, de raiva, solidão, altruísmo e loucura.
Na hora do adeus, o premiado artista, dono de longa e ilustre carreira (ele está nas telas desde 1987, quando tinha apenas 13 anos), confessa ter sentimentos confusos.
UOL - Agora que você chegou ao final de sua missão como Bruce Wayne/Batman, como você se sente?
Christian Bale - Feliz, mas também um pouco melancólico. Vou sentir falta de muita gente. Fiz muitas amizades que vão durar, mas sei também que vou sentir saudade de vê-los todos os dias. Vou sentir muita saudade de Chris Nolan e toda a equipe.
Já sinto uma saudade enorme de Heath Ledger, todos os dias. Ele foi uma parte grande de todo o trabalho. Tornou-se um amigo querido, foi essencial para o desenho do meu personagem. Acho que está presente, de certa forma, até neste filme. São quase dez anos trabalhando juntos, é um bom pedaço da vida de todos nós.
Como está Bruce Wayne/Batman neste episódio final?
Ele está mal, muito mal. Está cheio de remorso, tornou-se um eremita, mais do que qualquer momento anterior. Desistiu de tudo. Está em péssima forma física. Mentalmente, ele está ainda pior. Aí aparecem esses dois personagens, Selina Kyle e John Blake, que não dão a mínima para o fato dele ser Bruce Wayne. Eles são completamente irreverentes, grosseiros até. A atitude deles dá uma sacudida em Bruce. Ele adora essa insolência. E isso o inspira a voltar, pela última vez, a ser Batman.
Com tanto tempo em Gotham, alguma coisa nesse personagem ainda o surpreende?
Há sempre coisas novas e surpreendentes que são possíveis quando se trata do personagem Bruce Wayne. Ele sofre da síndrome da personalidade múltipla. Dentro dele ainda vive o menino que viu seus pais serem assassinados na frente dele. Ele é um indivíduo muito triste, solitário, incapaz de ir adiante em sua vida.
Há a persona pública, do playboy, e existe o personagem super sincero do Batman, que personifica toda a sua raiva e sua sensação de injustiça. Ele é quase um vilão, leva seus atos até o limite do que poderia ser um grande mal, mas tem um altruísmo inato que o impede de avançar por esse território. Esse é um material que pode render uma infinidade de histórias. Mas acho que Chris escreveu um capítulo final sensacional, e está na hora de dizer adeus.
O seu traje é novo para este filme? Aliás, você guarda os seus trajes de Batman?
Este traje foi o mesmo de "O Cavaleiro das Trevas". Ainda bem, porque o primeiro ("Batman Begins") era muito pesado, muito desconfortável, eu mal conseguia me mexer nele, levava 20 minutos para vestir e tirar. Chegava a ser claustrofóbico, tive acessos de pânico. Este traje de agora é o mesmo do filme anterior, com alguns melhoramentos. Muito mais leve. E eu não guardo os trajes, mas guardo as máscaras: tenho as máscaras dos três filmes.
O que você faria se um cara com esse traje parasse você na rua e quisesse bater um papo?
Eu ia achar que era um doido. Só seria normal se fosse Halloween [Dia das Bruxas nos EUA], né? Eu mesmo, quando comecei a conceber esse personagem, cheguei a pensar: "nossa, esse cara é um idiota". Mas aos poucos compreendi que ele, na verdade, não é um herói muito saudável. Ele leva a questão do traje totalmente a sério. Ele se veste como se sente: um ser monstruoso.
O que você quer fazer daqui para frente?
Agora eu quero tirar umas férias. E fazer alguns filmes bem pequenos.
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