Vencer festival pode ajudar exibição de filme; veja maiores prêmios do país
Depois de três anos sem receber incentivo público, o Festival de Cinema de Paulínia voltou à ativa e abriu o caminho para as edições de 2014 dos principais festivais do Brasil: Gramado, Brasília, Rio e Mostra Internacional de São Paulo. Os eventos funcionam como uma plataforma para exibição dos filmes: ser selecionado para a programação pode ajudar na repercussão, especialmente se a produção for premiada. E os prêmios são carimbos de qualidade para os trabalhos.
À frente de filmes que foram destaque em festivais, como "Durval Discos" (2002) e "Cinema, Aspirina e Urubus" (2005), a produtora Sara Silveira acredita que, apesar de importantes, os prêmios não são garantia de público. "O espectador não estará na sala porque o filme tem prêmio, mas é um atrativo a mais, sem dúvida", disse ela ao UOL.
Premiado em Miami, Rio, Havana e San Sebastián por "O Lobo Atrás da Porta", o diretor Fernando Coimbra tem discurso parecido. "Claro que ser premiado gera um interesse maior, mas só isso não garante público. Até porque o público de festivais costuma ser mais alternativo".
Prêmios em dinheiro
Paulínia
Maior prêmio: R$ 300 mil
Menor prêmio: R$ 15 mil
Total: R$ 800 mil
Brasília
Maior prêmio: R$ 250 mil
Menor prêmio: R$ 10 mil
Total: R$ 625
Gramado
Maior prêmio: R$ 65 mil
Menor prêmio: R$ 5 mil
Total: R$ 275 mil
Melhor premiação
Se os "carimbos" de festivais são um atrativo para o espectador, a premiação em dinheiro pode de fato ajudar a colocar um filme nas salas, já que também pode ser direcionada à distribuição e à divulgação.
Nesse quesito, os festivais de Brasília e Paulínia saem na frente. Só entre longas-metragens, Brasília distribui R$ 470 mil, reservando R$ 250 mil para o melhor longa da competição. Paulínia voltou este ano oferecendo R$ 300 mil para o melhor filme. Já Gramado oferece R$ 65 mil para o vencedor, distribuindo R$ 275 mil no total.
Apesar de o Festival de Gramado não se destacar na premiação em dinheiro, a produtora e os diretores ouvidos pelo UOL dizem que ele, ao lado do Festival de Brasília, é muito importante devido à sua tradição.
A diretora Juliana Rojas ressalta que, além do prêmio em dinheiro, o fato de o Festival de Gramado ser tradicional atrai mais a imprensa e, consequentemente, o público. "Para a gente que trabalha com pouca verba de lançamento, a grande participação do público é essencial, pois gera mídia espontânea, além criar um boca a boca", disse Juliana.
Com seu novo longa, "Sinfonia da Necrópole", ela foi selecionada para os festivais de Paulínia e Gramado deste ano. "Como meu filme ficou pronto agora, inscrevemos em Paulínia e Gramado, que vêm antes no calendário".
Tradição e glamour
Em comum, Brasília e Gramado têm a tradição, mas apresentam diferenças importantes. Segundo Sara, Brasília tem naturalmente uma inclinação política mais forte. "Por estar do lado do Palácio do Planalto, ali dá para gritar mais forte", acredita. Já Gramado, afirma, tem uma tradição de trazer uma programação mais afável ao público, por conta da vocação turística da cidade.
Para Sara, o tradicional tapete vermelho de Gramado também pode influenciar na programação, já que o glamour em torno da festa pode privilegiar mais atores do que as produções. No entanto, segundo ela, o festival vem se esforçando para manter a tradição e, ao mesmo tempo, privilegiar o cinema mais autoral.
Paulínia não tem a tradição de Brasília e Gramado, mas Sara, Juliana e Coimbra concordam que é um evento que cresceu rapidamente em apenas quatro edições, de 2008 e 2011. Em 2012, a prefeitura da cidade cancelou o festival, alegando que os R$ 10 milhões investidos nele seriam direcionados para áreas como educação, habitação, saúde e programas ambientais.
Sara comemorou a volta do festival e destacou o foco de Paulínia na formação de profissionais, já que a cidade também conta com um pólo cinematográfico com equipamentos e estúdios. "Formação é essencial, do futebol ao cinema. Com a pausa, esse trabalho dispersou. Agora é começar outra vez e incluir a comunidade local nele". A produtora ainda menciona as consequências de se interromper um trabalho de formação. "A pausa em Paulínia foi ruim porque quebrou a cadeia."
Caráter internacional
Fernando Coimbra aponta a importância da Mostra de São Paulo e do Festival do Rio para que o filme alcance um visibilidade internacional. "Jornalistas e curadores de festivais em outros países comparecem em peso nesses dois eventos. Muita gente que estreia neles acaba sendo selecionado para outros eventos".
A diversidade e a quantidade de festivais no Brasil também chama a atenção. "Tem outros festivais de bastante expressividade, como o de Tiradentes e o de Recife. O Brasil é diverso, e nossos festivais representam isso. Tem festival de tudo quanto é tipo. É só saber adequar o filme a eles", diz Sara. Coimbra concorda: "Acho importante ter um pouco de tudo. Como nossa produção é muito grande, isso é bom, porque dá espaço para mais filmes serem exibidos".
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