Com 9 indicações, "Birdman" e "Budapeste" dão destaque à comédia no Oscar
2015 é o ano da comédia no Oscar. Pode parecer exagero —e, de certa forma, é—, mas dois dos principais filmes na corrida pelas estatuetas, "O Grande Hotel Budapeste" e "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)”, ambos com nove indicações, são representantes do gênero "maldito" , historicamente ignorado na cerimônia.
Mesmo que isso não sinalize exatamente uma mudança de postura da Academia, o fato é, sim, histórico. Ainda mais considerando que apenas uma delas, “Birdman”, está sob o guarda-chuva da “comédia dramática”. Um híbrido que parece ter sido criado sob medida para agradar ao sisudo corpo de jurados do Oscar.
Grande favorito ao lado de "Boyhood" (este sim um drama), o filme do diretor mexicano Alejandro Iñárritu faz uma sátira à montanha russa do show business. Aclamada pela crítica, a história do ex-ator de super-heróis que tenta retomar o sucesso nos teatros consegue agregar leveza, densidade narrativa e efeitos visuais ousados.
Como trunfo, traz a volta de Michael Keaton (de “Batman” e “Os Fantasmas se Divertem”) a um papel de destaque. Não é hilariante, nem muito engraçado. Uma comédia até a página dois, como tantas outras que vieram à baila os últimos anos. Talvez por isso concorra a prêmios mais nobres: melhor filme, diretor, ator, ator coadjuvante (Edward Norton), atriz coadjuvante (Emma Stone) e roteiro, além de edição de som e melhor mixagem de som.
A fórmula, incrementada pelo elenco forte, levou prêmios dos sindicatos dos atores, diretores e produtores, os termômetros do Oscar. É considerado uma aposta segura na categoria de melhor filme.
Confirmadas as expectativas, deve repetir o feito de filmes como “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”, “Conduzindo Miss Daisy” e “Forrest Gump”, que apostavam, no entanto, em uma linguagem cômica mais clássica.
A forma como esses filmes laureados tratavam seu lado "dramático" está, no entanto, mais próxima da proposta de “O Grande Hotel Budapeste”. A comédia de alvenaria indie do diretor Wes Anderson, que jamais gozou de tanto reconhecimento fora de seu séquito, corre por fora na disputa.
A trama acompanha a aventura de M. Gustave (Ralph Fiennes), o concierge de um hotel decadente do Leste Europeu que, durante a Segunda Guerra, se vê em meio à uma perseguição nazista depois de se apropriar de um velho e valioso quadro.
Cheio de cores, com forte apelo visual, o filme consegue agradar em cheio quem procura na comédia algo além da pura diversão —o que explica, em parte, seu sucesso com a crítica. Traz apuro estético, personagens caricatos e até certa dose de riso proveniente da violência, bebendo da fonte de Quentin Tarantino.
O longa disputa as categorias de melhor filme, diretor, fotografia, edição, figurino, roteiro, trilha sonora e melhor maquiagem e cabelo. No Bafta, o “Oscar inglês”, foi destaque ao levar o maior número de prêmios. Entre eles, o de maguiagem, design de produção e figurino, o que aumenta o favoritismo nas categorias "técnicas" do Oscar. O clássico “prêmios de consolação” da noite. Nada de muitos risos aqui.
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