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"É fácil ser ator, se quiserem é só começar", diz Russell Crowe em Cannes

Thiago Stivaletti

Colaboração para o UOL, de Cannes

15/05/2016 11h36

O gladiador está de volta, e virou um detetive violento e um pouco barrigudo na Los Angeles dos anos 70. Aos 52 anos, Russell Crowe já começou a fazer a transição de épicos como “Gladiador”, "Noé" e filmes premiados como “Uma Mente Brilhante” para aquelas comédias em que o galã tira um certo sarro da sua própria figura.

Ele e Ryan Gosling estrelam “Dois Caras Legais”, uma comédia policial bem divertida sobre dois detetives desvendando um grande crime na Los Angeles dos anos 70, época em que ferviam a música disco, a contracultura e uma indústria pornô forte, quando era preciso ir ao cinema para ver até esse tipo de filme – universo explorado em filmes como “Boogie Nights”.

Toda vez que vem a Cannes, como quando o festival abriu com “Robin Hood”, Crowe faz da entrevista um imenso esculacho e não responde nada a sério. Se todo mundo tenta tirar foto dele com celular, ele pega o seu e começa a fotografar a sala de imprensa – e ainda pede pra todo mundo sorrir pra foto.

Ao ser perguntado sobre o método que usa como ator, ironizou: “Chama-se o Método Russel Crowe. Nunca frequentei escola de interpretação. É fácil ser ator, se quiserem é só começar. Nem sei o que é o tal do método Stanislavski. Sigo aquela frase do Laurence Olivier: decore as duas falas e tente não derrubar os móveis”.

Crowe é o detetive um pouco mais esperto e bom de soco. Gosling é bem mais burro e ingênuo, mas é ajudado o tempo todo pela filha de 13 anos que é bem mais sagaz que ele, acaba entrando nas festinhas regadas a drogas e precisa até aprender a usar uma arma. Gosling, ator de filmes como “Drive” e “Diário de uma Paixão”, sempre foi lindo e nunca valeu muito como ator, mas aqui manda bem numas cenas de humor físico na cola de Jerry Lewis – numa delas, tenta ameaçar Crowe com uma arma sentado na privada de um banheiro público, tentando dar conta da calça e da porta do banheiro que não para de bater.

É um roteiro esperto, com uma surpresa atrás da outra e uma trama maluca em que um filme pornô vira uma arma política contra a poluição do ar e políticos poderosos liderados por uma abatida Kim Basinger. No papel de um dos criminosos, está Matt Bomer, de “Magic Mike” e da última temporada de “American Horror Story”.

Falando sobre a boa química entre ele e Gosling em cena, Crowe jogou a bola para o parceiro. “Esperem para ouvir o que Ryan pensa sobre a nossa química”, brincou.

Quando perguntaram se uma sequência já está em preparação, Gosling só quis saber do cachê: “De quanto estamos falando aqui?”.

Remando contra a maré dos diretores que trocam o cinema pelas séries de TV e streamings como Amazon e Netflix, o diretor Shane Black, o mesmo de “Homem de Ferro 3”, contou que o projeto inicial era fazer de “Dois Caras Legais” uma série de TV. “Acabou não rolando, o que foi melhor para mim, porque pude trabalhar com esses dois caras incríveis. Sou o cara mais sortudo do mundo, e nada de TV para mim, obrigado.”

“Dois Caras Legais” estreia no dia 7 de julho no Brasil.