Topo

Crise está trazendo toques de fascismo, diz diretor de "Aquarius" em Cannes

Julien Pretot

De Cannes (França)

18/05/2016 15h21

O diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho, cujo filme "Aquarius" foi aclamado pela crítica no Festival Internacional de Cinema de Cannes, expressou nesta quarta-feira o temor de que o Brasil esteja ficando cada vez mais dividido depois do afastamento da presidente Dilma Rousseff na semana passada.

O presidente interino, Michel Temer, assumiu o governo depois que Dilma foi afastada pelo Senado na quinta-feira enquanto é investigada por suspeita de crime de responsabilidade fiscal.

"(A situação política) está trazendo à tona o pior dos dois lados, e especialmente na direita, com toques de fascismo", disse Mendonça Filho.

Uma das primeiras medidas de Temer foi eliminar o Ministério da Cultura, que foi unido à pasta da Educação.

Na terça-feira, Mendonça Filho e sua equipe realizaram um protesto no tapete vermelho antes da estreia do filme.

"Foi muito importante usar esta plataforma internacional aqui para expor o que está acontecendo no Brasil", disse a atriz Sonia Braga.

"Pessoas dizem no Congresso que as mulheres não deveriam trabalhar porque ficam grávidas e coisas assim, ideias chocantes desse tipo. E o Ministério da Cultura ser extinto na semana passada", disse Mendonça Filho.

"É o mês errado para extinguir o Ministério da Cultura, porque um filme feito com financiamento público está representando o Brasil na mostra competitiva do Festival de Cinema de Cannes."

"Aquarius", história de uma mulher de 65 anos que se envolve em uma batalha com uma empresa que quer comprar seu apartamento do Recife depois de ter adquirido o restante do edifício, recebeu elogios da crítica após estrear na terça-feira e é um dos 21 concorrentes à Palma de Ouro, o prêmio máximo do festival.

Equipe de "Aquarius" protesta em Cannes

UOL Entretenimento