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Diretor Iraniano mistura amor, especulação imobiliária e resistência

Julien Pretot

21/05/2016 17h53

O diretor iraniano Asghar Farhadi, que concorre à Palma de Ouro no Festival de Cannes com o filme "The Salesman", vê a arte como forma de resistência.

Seu último filme gira em torno de um casal que encontra sua vida de classe média intelectual arruinada depois que a mulher é agredida em sua casa em Teerã. Eles tentam seguir em frente, participando notavelmente na peça "Death of a Salesman", de Arthur Miller, no teatro local.

Depois de "A Separação", que venceu o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar de 2012, Farahdi mergulhou na vida diária de uma Teerã devastada pela especulação imobiliária.

"A mais velha, mais antiga relação na história humana é a relação do casal, o relacionamento amoroso entre um homem e uma mulher", disse Farahdi à Reuters, em entrevista realizada neste sábado, antes da estreia do filme em Cannes.

"Mas mesmo sendo tão velha e clássica, ainda sentimos que há muito a ser descoberto, pois logo que um homem e uma mulher se juntam todos os problemas e dificuldades saem do papel, como se não houvesse lição anterior para ser tomada como base."

"Por causa dessas complexidades eu sinto que essa é potencialmente a relação mais rica para se trabalhar e criar histórias."

Esses temas também oferecem uma forma de resistência.

"O cinema é um dos fenômenos mais surpreendentes e inesperados na sociedade iraniana. Dada a pressão sob a qual a população iraniana vive, nada como o cinema, como a arte devem existir pois de alguma forma deveriam ter sido eliminados pela situação", explicou ele.

"Mas tem havido exatamente o oposto: tem havido essa resposta à pressão, à opressão ao criar e ser ainda mais criativo e espontâneo."

"Claro que há altos e baixos, mas no último ano tem havido uma tendência muito vívida e ativa de fazer novos e diversos filmes e isso é algo do qual sou muito grato de fazer parte."