Cannes (França), 21 mai (EFE) - O diretor americano Steven Soderbergh apresenta hoje à noite em Cannes seus dois filmes sobre o revolucionário Ernesto Che Guevara, que serão os "definitivos" sobre o argentino, disseram quatro dos atores que participam da produção, Jorge Perugorría, Carlos Bardem, Oscar Jaenada e Demián Bichir.
Em entrevistas à Agência Efe, os quatro destacaram o impressionante trabalho realizado tanto por Soderbergh quanto pelo protagonista, o ator porto-riquenho Benicio del Toro, que faz um "incrível" retrato de Ernesto Che Guevara.
Os filmes, "The Argentine" e "Guerrilla", que estrearão em setembro e novembro, respectivamente, serão exibidos hoje em Cannes de uma só vez, em um total de 4h28min, mas quando forem aos cinemas serão transmitidos separadamente.
O cubano Jorge Perugorría se mostrou entusiasmado com o filme, que qualificou de "trabalho muito sério e rigoroso", fruto dos anos que tanto Soderbergh quanto Del Toro investigaram a figura do revolucionário.
O filme narra o início da revolução -a parte "mais bonita", segundo Perugorría - e o final do Che na Bolívia.
Para o ator cubano, é especialmente importante "o fato de que um artista como Soderbergh, um diretor de muitíssimo talento e sério, tenha se interessado por esta parte de nossa história e que haja um olhar diferente de uma nova geração".
E "que o personagem fosse interpretado por Benicio del Toro é uma garantia de qualidade na hora de fazer um filme".
É um dos "capítulos mais importantes da história cubana e da história contemporânea latino-americana" e é bom que se conte pelas "pessoas que morreram por suas idéias, pela justiça social, pelo que significa e significará sempre", segundo Perugorría.
Será também uma boa oportunidade para que nos Estados Unidos "se veja de outra perspectiva a revolução cubana porque há muita ignorância sobre o que ocorreu" e será bom para Cuba, onde Perugorría espera que o filme possa estrear.
"Para nós é começar a ver nossa história com perspectiva porque estamos em um momento de transformação, de mudança", por isso "vai ser curioso para nós também ver nossa história" contada por outros.
Perugorría interpreta Joaquín, um camponês que se integra quase por acaso na revolução desde o primeiro momento, mas que não acompanhou Che na tomada de Santa Clara.
E um líder mineiro, Moisés Guevara (nenhum parentesco com Che), é o papel do espanhol Carlos Bardem, que se mostrou igualmente encantado por sua participação no filme e "nervoso" por ver o resultado final, já que até agora ninguém viu os filmes, nos quais Soderbergh esteve trabalhando até o último minuto.
"Tive a noção desde o princípio de que estávamos fazendo algo grande, sobre os últimos idealistas", que morrem por defender suas idéias, porque o filme se centra "no homem, com seus acertos e dúvidas".
Em sua opinião, Soderbergh soube criar o ambiente necessário que espera que tenha se transferido à tela e ressaltou o trabalho de "improvisação constante" que realizavam e a "liberdade formal" do filme, com uma estrutura similar à de um documentário.
Por sua parte, o Fidel Castro de ficção, o ator mexicano Demián Bichir reconheceu que entrou tanto no papel do líder cubano que não deixava de falar e gesticular como ele.
Muito simpático e sem parar de fazer brincadeiras, Bichir se preparou a fundo para interpretar Fidel, um personagem dos "que como ator perseguem por toda a sua vida", mas para fazê-lo teve que esquecer seu peso histórico.
Sobre Fidel, afirmou que será a história que o julgará, mas matizou: "A história o absolverá".
Em sua opinião, após a revolução, quando chegou o bloqueio à ilha, "o resto do mundo cometeu um grave erro ao não ser mais ativos".
Não menos entusiasmado se mostrou o espanhol Oscar Jaenada, que afirmou que, para ele, Che "é um ícone, é um Jesus Cristo".
Seu papel de Darío, um mineiro boliviano, aparece no segundo filme.
Jaenada ressaltou igualmente a margem de improvisação que lhes deixava Soderbergh.