O americano Steven Soderbergh conseguiu armar hoje a mesa mais "globalizada" de todas as coletivas de imprensa neste ano em Cannes para falar de "Che", seu épico de quatro horas e meia sobre o guerrilheiro Che Guevara. Na mesa, estavam o protagonista, o porto-riquenho Benicio del Toro, o brasileiro Rodrigo Santoro (Raul Castro), o mexicano Demian Bichir (Fidel), o cubano Jorge Perugorria ("Morango e Chocolate"), o venezuelano Santiago Cabrera, a colombiana Catalina Sandino Moreno ("Maria Cheia de Graca"), a britânica Julia Ormond ("Lendas da Paixão") e a alemã Franka Potente ("Corra Lola Corra").
Soderbergh declarou que tinha mais interesse em contar a história de Che, um dos personagens mais interessantes do seculo 20, do que a historia de Cuba. E esclareceu que seu projeto era a apenas o de filmar a segunda parte, a da fracassada revolução na Bolívia. "Mas para entender o que aconteceu, era necessario esclarecer como se deu a Revolução em Cuba, por que Che acreditou que seria possível vencer no outro país. Até um certo ponto, as duas revoluções tinham chances iguais de dar certo".
O diretor brincou quando um jornalista lhe perguntou o que Fidel acharia do filme. "Durante a preparação, fiz cinco viagens a Cuba e nunca o encontrei. Sei que ele gosta muito de ver filmes, mas tem o costume de pausá-los para dar opiniões e fazer comentários inflamados. Se ele fizer isso com meu filme, acho que pode não sobreviver às quatro horas e meia", brincou.
Cineasta que já testou estratégias inovadoras de lançamento para seus filmes - o drama "Bubble" foi lançado simultaneamente na TV, no cinema e no DVD -, Soderbergh mostrou experiência ao explicar como um filme tão longo deveria ser lançado. "O melhor seria que os cinemas exibissem as duas partes juntas durante uma semana, para criar um evento e dar esta oportunidade ao espectador. Depois, as duas partes poderiam ser separadas."