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05/02/2009 - 09h41

Presidente do júri, Tilda Swinton, se interessa "pelo que acontece em Gaza, e não com bancos"

ALESSANDRO GIANNINI
Enviado especial a Berlim
Presidente do júri do 59º Festival de Berlim, que começa hoje com o filme "Trama International", de Tom Tykwer, a atriz escocesa Tilda Swinton tem uma longa relação com o evento. Ela estreou no cinema em "Caravaggio", de Derek Jarman, que participou da mostra competitiva de 1986 e ganhou o Urso de Prata.

AP
A atriz escocesa Tilda Swinton preside o júri do 59º Festival de Berlim
MAIS FOTOS DOS MEMBROS DO JÚRI DO FESTIVAL DE BERLIM

Desde então, esteve em 14 filmes que participaram do festival, incluindo vários concorrentes ao Urso de Ouro, como "Julia" (2008), de Eric Zonca; "Thumbsucker" (2005) de Mike Mills, e "Adaptação" (2003), de Spike Jonze. Também frequenta com regularidade as seções paralelas Panorama e Fórum.

Na entrevista coletiva de apresentação do júri da mostra competitiva, Swinton não economizou o verbo para mostrar a que veio. Ela foi enfática ao esclarecer que tipo de crise a interessa discutir a partir dos filmes selecionados. "Estou mais interessada no que acontece em Gaza", disse ela, ao responder a uma pergunta sobre o impacto dos acontecimentos atuais na seleção oficial. "Não é a crise financeira que eu pretendo encontrar nesses filmes."

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    A atriz e o escritor sueco Henning Menkell, que integra o júri juntamente com a diretora espanhola Isabel Coixet, o diretor Gaston Kaboré, de Burkina Faso, o diretor alemão Christoph Schlingensief, o diretor sino-americano Wayne Wang e a escritora e gastronôma americana Alice Waters, foram os mais intensos em suas falas.

    Menkell, conhecido pelos livros de mistério protagonizados pelo inspetor Wallander, disse que "tudo o que acontece no mundo afeta os artistas". O escritor continuou o raciocínio mais adiante, ao responder mais uma pergunta sobre a crise. "O grande problema do mundo hoje é que muitos dos dilemas que vivemos são completamente desnecessários", disse. E exemplificou: "Algumas doenças que ameaçam a população africana, por exemplo, não seriam problema se os grandes nomes da indústria farmacêutica não pensassem só no lucro."

    O cineasta sino-americano Wayne Wang levantou uma questão que teve bastante impacto: a da democratização das câmeras de cinema. "Existem câmeras pequenas e acessíveis para qualquer um", disse ele. "Não há mais desculpas, as pessoas podem contar suas histórias. O grande problema é como fazer o público ter acesso a elas, sem ter que necessariamente passar ou pelo cinema convencional, que vai continuar existindo, ou pelo YouTube. É preciso uma alternativa para isso."

    Para Swinton, essa é uma questão complexa. "O cinema, como o conhecemos, não vai morrer", disse ao final da coletiva. "Mas é preciso que todos os setores se preocupem também em educar o fã de cinema. Os distribuidores e também vocês jornalistas são responsáveis por mostrar ao público que vale a pena ver um determinado filme de arte, além dos grandes filmes comerciais."
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