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Fora do palco, Globo de Ouro tem suor, tornozelo torcido e lencinhos

Ana Maria Bahiana

Especial para o UOL, de Beverly Hills (EUA)*

12/01/2015 10h30

Choveu o dia todo, fez frio e o pessoal do Beverly Hilton Hotel resolveu por o aquecimento do International Ballroom no máximo -- ou seja, em pouco tempo o Globo de Ouro 2015 estava repleto de estrelas suarentas e gente se abanando.

A outra constante era “Je suis Charlie”: cartazes com a frase de solidariedade às vitimas do ataque em Paris pontuavam as galerias de fotógrafos e equipes de câmera ao longo do tapete vermelho; adesivos estavam nas lapelas, braços, bolsas e vestidos de celebridades – George Clooney, Helen Mirren e Kathy Bates – e aspirantes a celebridades.

As mesas mais animadas eram as da série “Fargo”, e dos filmes “Selma” e “O Grande Hotel Budapeste” - à qual Bill Murray se agregou assim que a cerimônia começou, deixando de lado o pessoal do filme pelo qual tinha sido indicado, “Um Santo Vizinho”. Alejandro Gonzalez Iñarritu chegou atrasadíssimo e sentou-se à sua mesa, onde já estava todo o elenco de “Birdman”, a tempo de ouvir a piada de Tina Fey e Amy Poehler a seu respeito.

A mais aplaudida do tapete vermelho – pelos fãs – foi Julianne Moore. O mais aplaudido no palco – pelos colegas e chefões da indústria – foi George Clooney: o salão se levantou espontaneamente em ovação, quando ele ainda estava no palco encerrando seu discurso de agradecimento pelo prêmio Cecil B. de Mille.

Os papos mais intensos: Amy Adams e Joaquin Phoenix; J.K. Simmons e Jeffrey Tambor; Meryl Streep e Edward Norton; Joaquin Phoenix e Jake Gyllenhaal. Pessoa mais procurada na plateia: Conchita Wurst, aliás Thomas Neuwirth, vencedor(a) do concurso musical Eurovision 2014.

Discurso mais comovente (para o salão): Michael Keaton (lencinhos foram estrategicamente tirados de bolsas e bolsos).

A maior surpresa: a vitória da estreante “The Affair” como melhor série/drama; o elenco deu um pulo tão grande que quase virou a mesa.

O trabalho mais ingrato: o do assistente de produção que supervisionava o teleprompter e tinha que gesticular para os vencedores mandando que encerrassem os discursos. Nos intervalos, o coordenador de produção, pelo sistema de som, pedia desculpas: “Não gostamos de interromper vocês, mas estamos passando do horário.”

Quando os prêmios de TV estavam quase chegando ao fim, um acidente: voltando do banheiro (onde uma empresa patrocinadora tinha montado um salão de cabeleireiro e maquiagem para retocar as convidadas), Kathy Bates tropeçou numa cadeira fora do lugar e torceu o tornozelo direito.

Chegou à mesa mancando, dolorida, e foi prontamente socorrida por Jessica Lange, que pediu um balde gelo aos garçons. Louis CK, companheiro de mesa, improvisou uma bolsa de gelo com um guardanapo, enquanto os assistentes de produção corriam para chamar o socorro. Depois de atendida pelos muito bem apessoados socorristas de prefeitura de Beverly Hills, Kathy Bates resolveu ir para casa.

Nas festas pós-Globos, o elenco da série “Silicon Valley”, da HBO, era inseparável, e a turma de “Selma”, a mais animada. Pacientemente esperando para entrar na festa da revista “InStyle”, Chris Pratt perguntava a seus companheiros de fila: “Essa atração é boa? Isso aqui é pra Space Mountain, certo?” Saindo da festa da HBO, Common (premiado pela canção “Glory”) resumia para um amigo a experiência da noite: “É uma montanha russa de emoções.”

* Ana Maria Bahiana é blogueira do UOL e integrante da Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood, que elege o Globo de Ouro