Diretor israelense defende em Veneza a promoção da paz pelo cinema
O diretor israelense Amos Gitai, que exibe nesta terça-feira (3) no Festival de Veneza o filme "Ana Arabia", pediu ao mundo do cinema a promoção da convivência pacífica ante a tensão na Síria.
"Cineastas, artistas, escritores, nós temos que questionar e encontrar os meios para dizer que uma convivência pacífica é possível, apesar do momento nervoso para a região", declarou à AFP o cineasta.
"Há dinheiro, armas, bombas, mas são necessárias ideias, porque com elas se muda o planeta. Assim não podemos hesitar para propor ideias", disse o diretor, cujo novo filme, rodado em um único plano sequência de 85 minutos de duração, recora o período em que hebreus e árabes conviviam pacificamente.
O cineasta israelense, que propõe uma reflexão sobre a intolerância que alimenta o conflito do Oriente Médio, se inspira em uma história real, publicada pela AFP, sobre uma comunidade na qual convivem árabes e israelenses: parte da história de uma judia nascida em um campo de extermínio na Europa que se casou com um árabe e manteve o passado em segredo por mais de 50 anos.
O famoso diretor, premiado em Veneza por "Terra Prometida", admitiu também o desconcerto com a grave crise na Síria e a possibilidade de uma intervenção militar dos Estados Unidos e de seus aliados no país.
"Eu me sinto como todos, afetado pelas brutalidades, a guerra sem fim e pelo fato da Síria matar os próprios cidadãos. Mas não seu como é possível deter este assunto tão preocupante", admitiu.
A mensagem pacifista do filme e a ausência de cortes como emblema de convivência servem de fio condutor das histórias das sete pessoas que vivem em um enclave pobre, mas tranquilo, entre Jaffa e Tel Aviv.
"Temos que manter a utopía na vida, mesmo nos piores momentos", disse Gitai.
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