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Nicolas Cage é aplaudido por "Joe" e elogia escolha de Affleck para Batman

Neusa Barbosa

Do UOL, em Veneza (Itália)

30/08/2013 11h55

Protagonista do drama norte-americano “Joe”, de David Gordon Green, o ator Nicolas Cage chegou de cabelo escuro e longas e finas costeletas à coletiva do filme, concorrente ao Leão de Ouro e aplaudido no Festival de Veneza nesta sexta-feira (30). 

De ótimo humor, Cage falou de tudo, inclusive da indicação de Ben Affleck como o próximo Batman, o que tem sido alvo de polêmicas e elogios no meio cinematográfico. “Estou feliz por Ben. Ele sempre fez um excelente trabalho, será ótimo para ele”, disse Cage.
 
Em "Joe", Cage interpreta um ex-presidiário que ganha a vida como microempresário, agenciando trabalhadores ilegais para um trabalho perigoso, a aplicação de produtos tóxicos para acelerar o desmatamento de áreas florestais. No festival, ele não quis comentar, no entanto, um desvio violento na trajetória de seu personagem – envolvendo o uso de armas de fogo. A uma jornalista italiana que perguntou se haveria, nos Estados Unidos, “uma tendência a resolver as coisas usando rifles”, apesar da presença da polícia, o ator afirmou: “Não sei o que a faz pensar que eu seja alguma espécie de porta-voz sobre essa questão das armas na América. Não sou. Você vai ter que procurar outra pessoa”. Mas não se irritou com essa e nenhuma outra pergunta.
 
O ator também destacou que não foi nenhuma espécie de “comentário sobre a crise econômica, social ou social no mundo” que o atraiu ao filme. “Para mim, tratou-se apenas de interpretar o meu papel”, resumiu. 
 
Com 35 anos de carreira, Cage diz que não quer "atuar", já que a palavra às vezes parece querer dizer "mentir". "Prefiro a palavra ‘ser’. Na verdade, o que procuro cada vez mais é encontrar a verdade do personagem, com a máxima pureza", disse.
 
“Salto mortal pelado”
Cage não poupou elogios à sua convivência com o diretor David Gordon Green (“Segurando as Pontas”): “Daria três saltos mortais, pelado, por ele. Havia um espírito fraterno entre nós, não só pelo seu modo de dirigir, como seu olho para escolher o elenco”. O ator também elogiou o garoto Tye Sheridan, que interpreta Gary, que se torna seu protegido e com quem desenvolve uma relação paternal, já que seu pai biológico (Gary Poulter) é um alcoólatra violento.
 
Poulter, que morreu antes de ver o filme pronto, era um morador de rua em Austin, Texas, onde “Joe” foi filmado. O diretor e os atores também não lhe pouparam elogios. Cage disse que ele o lembrava de Richard Farnsworth, cujo último filme foi “História Real” (1999), de David Lynch, que valeu uma indicação ao Oscar de melhor ator ao intérprete, morto aos 80 anos em 2000. 
 
Tye Sheridan, por sua vez, disse que “Nic é uma pessoa muito fácil de conviver”. O maior desafio, para ele, foi fumar o primeiro cigarro de sua vida numa cena. “Mas Nic e David me ajudaram. David se preocupou com minha saúde e me deu um cigarro fraco”, contou.
 
Aposentadoria e China
Indagado por uma jornalista chinesa se faria um filme na China, onde, segundo ela, teria muitos fãs, Cage sorriu e respondeu: “Estarei lá em três semanas filmando ‘The Outcast’, com (o diretor) Nick Powell. E há outras conversas em andamento”. Quando ela lhe perguntou “o que o atraía” no cinema chinês, ele lembrou o diretor Zhang Yimou (“adorei ‘Lanternas Vermelhas’”) e o ator Tony Leung (protagonista de “Amor à Flor da Pele”, de Wong Kar-wai).
 
Questionado se pensa em aposentadoria, como Johnny Depp e Brad Pitt já declararam em recentes entrevistas, Cage diz que ainda não. “Não sei o que vai pela cabeça desses dois, mas eu não me vejo me aposentando. Quero explorar esta minha profissão o resto da minha vida. O que não quer dizer que eu não tenha aquelas fantasias, de vez em quando, de ficar à beira de uma piscina, ou numa praia sem fazer nada, bebericando um drinque”, disse aos risos.