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Patricia Arquette vence Oscar de coadjuvante e pede igualdade de salários

Do UOL, em São Paulo*

22/02/2015 23h54Atualizada em 23/02/2015 02h25

Patricia Arquette venceu o Oscar de melhor atriz coadjuvante pela atuação em "Boyhood", do diretor Richard Linklater, confirmando as previsões e encerrando em grande estilo a temporada de premiações deste ano.

A atriz, de 46 anos, interpreta Olivia Evans, a mãe divorciada do garoto Mason Jr. (Ellar Coltrane). O filme, também estrelado por Ethan Hawke (Mason), acompanha o desenvolvimento do menino até a idade adulta e foi rodado durante 11 anos, de 2002 a 2013.

Patricia superou Laura Dern (“Livre”), Keira Knightley (“O Jogo da Imitação”), Emma Stone (“Birdman”) e a campeã de indicações Meryl Streep (“Caminhos da Floresta”).

No discurso, forte, ela agradeceu à família e à equipe do filme, e deu um recado político. "[Dedico] a toda mulher que já deu à luz, todo cidadão que paga impostos, nós lutamos pelos direitos de todo mundo. É nossa vez de ter salários igualitários para todos e direitos iguais para as mulheres nos Estados Unidos", bradou a atriz, com um pedaço de papel na mão, intensamente aplaudida no Dolby Theatre e saudada com entusiamo por Meryl Streep e Jennifer Lopez.

Na sala de imprensa, Arquette afirmou que não viu a reação de Meryl Streep, mas ficou sabendo. “Ela é a rainha de todas as atrizes, é a santa das atrizes, então foi incrível”.

Arquette também comentou uma declaração de Amy Pascal, ex-executiva da Sony, que afirmou que as mulheres deveriam aprender a negociar para ganhar mais. “Acho que precisamos de leis federais que sejam compreensíveis. Em vários estados não há justiça. Precisamos passar uma emenda na Constituição dos Estados Unidos para que as mulheres tenham direitos iguais”, disse.

Ela contou que, no lugar de fazer as unhas nesta manhã para a festa, foi atrás de fotos antigas para uma campanha de saneamento ecológico. “Amo minha indústria. Amo atuação. Amo quem eu sou e quero ajudar. Nunca me vi neste momento, ganhando um Oscar. Nunca pensei que seria indicada e sempre fui OK com isto. Mas agora que aconteceu [...], quero ajudar milhares e milhares de pessoas.”

A atriz também disse que ficou emocionada com a atitude do diretor Richard Linklater de querer fazer um filme sobre pessoas comuns --“algo raro no cinema”, segundo ela-- e seguiu em frente com o projeto de mais de uma década mesmo sem conseguir financiamento para o orçamento de US$ 2,8 milhões. “Ele não conseguiu financiamento porque... Bem, isto é um negócio e não dava para ter contratos longos [de 12 anos]. Este garoto [protagonista] poderia decidir que depois de sete anos [tempo do contrato possível] não queria mais fazer e acabar com o filme”, disse a atriz.

“Fiquei bem surpresa que o Sindicado dos Produtores não honrou isto, porque foi uma atitude muito corajosa”, comentou ela, sobre o prêmio que acabou ficando com “Birdman”.

Sobre o vestido, peça que está sempre em evidência nas premiações, Arquette diz ter dispensado estilistas famosos e optado por uma criação de uma amiga. “Nos conhecemos desde os sete, oito anos. Ela foi a primeira pessoa que me perguntou o que eu queria ser quando crescer. Estávamos ao lado da sua casa dos sonhos da Barbie e lembro que tirei um barato dela porque ela tinha Barbies e minha mãe não me deixava ter Barbies. Eu falei que queria ser atriz, e ela falou que queria trabalhar com moda.”

A atriz, que nunca havia sido indicada ao Oscar, recebeu o Globo de Ouro, o Bafta e o prêmio do Sindicato dos Atores por "Boyhood". Durante a carreira, ela atuou em filmes como "Amor à Queima-Roupa", "Ed Wood", "A Estrada Perdida", "Stigmata" e "Human Nature", além da série "A Paranormal".

Em 2014, o Oscar de melhor atriz coadjuvante foi para a queniana Lupita Nyong'o, por "12 Anos de Escravidão"

A 87ª cerimônia do Oscar foi realizada na noite deste domingo (22), no Dolby Theatre, em Hollywood, Los Angeles.

* Com reportagem de Fernanda Ezabella, em Los Angeles

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