Por Dave Graham
BERLIM - A atriz francesa Julie Delpy traz de volta o espectro de uma condessa sanguinária em seu terceiro trabalho na direção, apresentando uma das vilãs mais famosas da Europa como participante desesperada de uma tragédia grega.
Em "The Countess", Delpy relata a história da aristocrata húngara Erzebet Bathory, lembrada principalmente como uma das maiores serial killers da história. Acusada de trucidar centenas de mulheres jovens, ela foi emparedada em seu próprio castelo.
Bathory já inspirou dezenas de filmes e romances, além de canções de bandas de heavy metal. A maioria dos relatos foca a lenda que cerca a condessa, segundo a qual ela se banhava no sangue de virgens por acreditar que isso lhe garantiria a juventude eterna.
Ao apresentar seu filme no Festival de Cinema de Berlim este ano, Delpy disse que quis afastar-se dos elementos normalmente associados à condessa sanguinária.
"Achei que o personagem dela era um bom tema para um drama, mais do que um filme de horror", disse Delpy, de 39 anos, que representa Bathory no filme. "Minha intenção foi fazer algo mais semelhante a uma tragédia grega, com obsessão, amor, abandono e traição." Delpy também passou sete anos escrevendo o roteiro da co-produção franco-alemã.
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Impelida a extremos por seu desejo por Thurzo, a condessa se banha em sangue numa tentativa desesperada de mantê-lo a seu lado -- e acaba caindo diretamente nas mãos de seus inimigos.
Em coletiva de imprensa em Berlim, Delpy disse que Bathory ainda fascina o público, quase 400 anos após sua morte, em 1614, aos 54 anos, na atual Eslováquia.
"Ela está muito presente em nosso folclore; como a rainha má em 'Branca de Neve', como Drácula. Ela já inspirou muitos escritores ao longo da história, como símbolo do lado sombrio da mulher", disse Delpy.
De acordo com a diretora e atriz, o filme, cujo elenco inclui o ator americano William Hurt e a atriz romena Anamaria Marinca, também explora o feminismo.
"Aceitar que as mulheres possam ter um lado sombrio é, de certo modo, aceitar que somos todos iguais", disse ela. "É uma questão de indivíduos, não de gênero. Isso é feminismo, mas algo que vai além do feminismo que prega que as mulheres são ótimas e os homens são ruins."