Sophia Loren diz que Mastroianni foi seu "grande amor do cinema e da TV"
A grande atriz Sophia Loren, uma lenda viva do cinema, apareceu nesta terça-feira (20) no Festival de Cannes, onde apresentou um curta-metragem, recebeu uma pequena homenagem e demonstrou que continua sendo uma personalidade.
Perto de completar 80 anos - em setembro-, Sophia Loren se mostrou cheia de energia em Cannes, onde é a convidada de honra da 67ª edição na seção "Cannes Classics", por ocasião dos 50 anos de um de seus filmes mais emblemáticos, "Matrimônio à Italiana", de Vittorio de Sica, co-protagonizado por Marcelo Mastroianni.
Um filme que a atriz tem "verdadeiramente no coração", segundo afirmou hoje em francês depois que o delegado-geral de Cannes, Thierry Frémaux, disse que podia se expressar em italiano e ser traduzida em francês por seu filho Edouardo.
"Por que? Eu posso falar francês", disse a atriz, perante os risos do auditório.
"Matrimônio à Italiana" é um filme que Loren fez com dois dos homens mais importantes de sua carreira cinematográfica, o diretor Vittorio de Sica, com o qual colaborou em oito filmes, e Mastroianni, seu "grande amor do cinema e da TV".
Loren, deslumbrante com um vestido cor champanhe adornado com cristais, tinha sido previamente apresentada por Frémaux, que destacou a timidez da atriz, como ficou demonstrado em um jantar realizado na segunda.
A atriz estava sentada e, ao se dar conta da aproximação de Hilary Swank, Jane Campion e Sofia Coppola para cumprimentá-la, ficou sem graça porque não queria ser notada, relatou Frémaux, que diz que depois dessas saudações, Loren lhe disse: "agora me sinto mais à vontade".
Frémaux qualificou de "presença inestimável" o comparecimento da atriz em Cannes em seu retorno ao cinema após sua participação em "Nine" (2009).
E volta com um curta-metragem que protagoniza sob direção de seu filho Edouardo Ponti, "Voce Umana" ("Voz Humana"), inspirado em uma obra de Jean Cocteau do mesmo título, com uma única atriz em cena -- um conhecido texto que mostra uma mulher em Nápoles nos anos 50 durante sua última conversa telefônica com o homem que amava e que lhe deixou por outra.
No curta, a atriz demonstra que segue tendo a força interpretativa que a tornou famosa, com uma história que estava há 40 anos querendo interpretar, como explicou seu filho Edouardo.
"Ela me deu a vida. Nasci graças a ela e eu lhe dei este pequeno filme", explicou antes da projeção.
Após o curta-metragem, foi exibida a cópia restaurada de "Matrimônio à Italiana", um certeiro retrato da hipocrisia da sociedade italiana dos anos 60.
Sophia Loren interpreta uma prostituta, Filumena Marturano, que é tirada da rua por um rico napolitano, Domenico Soriano (Mastroianni), que ao crer que vai morrer em breve, pede que ela se case com ele.
Este é um dos papéis mais conhecidos de uma atriz que foi a primeira a ganhar um Oscar por um filme em língua estrangeira, com "Duas Mulheres", e que também lhe valeu o prêmio de interpretação de Cannes em 1961, um festival com o qual a atriz tem uma longa história.
Além do prêmio, Sophia foi presidente do júri da competição oficial em 1966 e apresentou oito filmes em diferentes seções desde 1955.
A homenagem de Cannes à atriz italiana terminará na quarta, com uma aula magna ministrada por ela.
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