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Diretor de "Homem-Aranha" diz que 2º filme teve mais investimento e será mais divertido

Natalia Engler

Do UOL, em San Diego (EUA)

19/07/2013 15h00

Há apenas quatro anos, Marc Webb era um nome mais conhecido no meio musical do que no cinema, com um currículo que incluía video-clipes de artistas como Green Day, Maroon 5, Weezer e Miley Cyrus --e apenas um longa-metragem, a comédia romântica indie "(500) Dias com Ela" (2009), estrelada por Zoey Deschanel e Joseph Gordon-Levitt.

Mas tudo isso mudou em 2010, quando a Sony contratou Webb para reiniciar a franquia "Homem-Aranha" (cedo demais, diziam os fãs dos filmes de Sam Raimi). Um "Espetacular Homem Aranha", 750 milhões de dólares e duas Comic-Cons depois, o cineasta de 38 anos já conseguiu se firmar no mundo dos blockbusters: está no meio da pós-produção de seu segundo filme sobre Peter Parker e tem contrato para mais dois.

"O Espetacular Homem-Aranha 2" terminou de ser filmado há menos de um mês, no dia 26 de junho, em Nova York, mas Webb e sua equipe correram para poder apresentar uma prévia do filme aos fãs de um dos heróis mais amados dos quadrinhos nesta sexta (19), durante painel na Comic-Con, em San Diego.

  • Marc Webb publicou no seu Twitter fotos diárias do set de filmagens do "O Espetacular Homem-Aranha"

"Todos no filme se divertiram muito desta vez", conta Webb em entrevista exclusiva ao UOL, já relaxado e livre da ansiedade e tensão que transpareciam quando recebeu jornalistas no set há cerca de um mês. "Tínhamos várias sequências difíceis e muito técnicas, muitas situações que exigiam muito fisicamente, mas nós todos sentimos uma espécie de excitação em relação a como executaríamos o filme, todos estavam animados com as possibilidades".

Investimento maior
Ao que tudo indica, o estúdio também se sentiu mais confiante desta vez e resolveu trazer um time de peso para fazer uma sequência melhor do que o primeiro "O Espetacular Homem-Aranha", com os atores Paul Giamatti e Jamie Foxx nos papéis dos vilões Rino e Electro, e os roteiristas Alex Kurtzman e Roberto Orci (que trabalharam com J.J. Abrams nos dois filmes recentes da franquia "Star Trek").

Webb concorda que houve um maior investimento do estúdio desta vez. "Você não consegue atores como Jamie Foxx e Paul Giamatti a não ser que tenha uma boa história para contar. Felizmente tivemos o apoio do estúdio de uma forma que permitiu que fizéssemos o filme com o espetáculo e a escala que queríamos", conta. "O roteiro é realmente fantástico, Alex, Bob e Jeff [Pinker, roteirista do primeiro filme] fizeram um trabalho extraordinário. Entramos nisso com um nível de confiança muito maior que no primeiro filme".

Trama
Se no primeiro filme Webb e os produtores Avi Arad e Matt Tomalch ("donos" do Aranha no cinema) queriam recontar a origem do personagem, desta vez ficaram mais livres para explorar outros aspectos do universo de Peter Parker. "Havia um nível de confiança em todos nós, sabíamos o que estávamos fazendo, conhecíamos Peter Parker, sabíamos quem era esse garoto --ele é brincalhão e engraçado--, conhecíamos a confiança e a inteligência de Gwen e sabíamos que talvez ela seja um pouco mais inteligente que Peter Parker, e foi muito divertido brincar com isso", afirma o diretor.

"O filme começa com Peter Parker tendo se tornado muito bom em ser o Homem-Aranha. Ele está muito confiante em suas habilidades e é capaz de alcançar um nível de virtuosismo que é emocionante e divertido. No primeiro filme, ele ainda tinha que aprender suas habilidades, mas agora ele é um 'Jedi' de 'aracnicidade'", brinca. "Isto é muito divertido. Mas ele ainda é assombrado pela promessa que fez ao pai da Gwen e isto cria um conflito. E também, muito cedo no filme, Gwen recebe uma ligação que potencialmente cria um problema muito sério para Peter Parker", conta Webb, sem querer revelar mais detalhes sobre a trama.

Veja entrevista de 2012 de Marc Webb: "Achei que convite era trote"

No entanto, para o diretor, todas as histórias do herói partem de um ponto em comum. "No coração de todos os quadrinhos, de todos os filmes do Homem-Aranha, você sente que está esta história muito simples sobre um garoto que tenta viver sua vida como qualquer jovem. Precisa lavar suas roupas, ajudar os tios a pagar as contas e tem todos esses problemas básicos que todos nós enfrentamos e que dão forma às nossas vidas diariamente", acredita. "Mas o que foge do comum são uma série de conflitos épicos e com uma escala teatral. O que o Homem-Aranha tem que combater com Electro testará não só os limites de suas capacidades físicas, mas suas habilidades emocionais e sua noção de si. Acho que ele vai se deparar com desafios que as pessoas podem considerar intoleráveis".

O vilão
Webb já explicou a escolha de Electro como o vilão do filme em diversas ocasiões --"Há algo bonito sobre uma criatura que pode manipular a energia, que pode se desmaterializar e materializar de novo", disse em um painel da Comic-Con na quinta-- mas como convencer um vencedor do Oscar a interpretar um super-vilão? "Demos o roteiro e ele adorou. Jamie foi uma grande aquisição, porque queríamos que tivesse uma qualidade divertida e engraçada. O primeiro filme era um pouco sério em alguns momentos e desta vez queríamos realmente abraçar o lado divertido. Jamie criou uma abordagem divertida para Max Dillon, que se transforma em Electro. Ele é meio bobo, mas Jamie interpreta com muita compaixão, com muito realismo. E ser capaz de se comprometer com este tipo de humor sem perder o realismo requer um ator muito ágil, e é isso que Jamie é. Ele também entendeu e abraçou a teatralidade e a grandeza do Electro".

Se no primeiro filme Webb era um diretor de primeira viagem em grandes produções, a experiência deu ao cineasta algumas lições que também influenciaram na escolha do vilão da sequência. "Aprender a fazer efeitos visuais daquela dimensão foi difícil. Eu meio que fiz às cegas, mas também aprendi muito. Acho que quando você cria personagens gerados no computador, às vezes é difícil sentir as qualidades emocionais deles. Desta vez achei que era importante fazer com que fossem os atores atuando. No primeiro filme, usamos o rosto do Rhys [Ifans] como referência, mas desta vez Electro literalmente é Jamie, realçamos isso. Há algo visualmente excitante sobre o personagem".

Teaser sobre o filme para lançamento na Comic-Con 2013

3D
Desta vez, Webb também preferiu filmar em película em vez de em 3D, e converter para o formato na pós-produção, mas explica que ainda assim concebeu o filme para ser visto em três dimensões. "Acho que a película tem uma qualidade e uma textura próprias. Também tínhamos tempo de pós-produção suficientes para converter de forma adequada.  E muitas das sequências geradas no computador serão criadas diretamente em 3D", explica. "Também filmamos cenas duas vezes e criamos chapas com a intenção de fazer em 3D. Isso foi fundamental para a maneira em que fizemos o filme. Criei sequências com a ideia de permitir que o Homem-Aranha saia da tela e se pendure em cima do público em alguns momentos. As câmeras 3D me pareciam um pouco grandes e eu queria criar uma sensação de velocidade e precisão que senti que poderia conseguir melhor com as câmeras de película", conta.

Ainda falta quase um ano até a estreia de "O Espetacular Homem-Aranha 2", em maio de 2014, e é pouco provável que mesmo o público privilegiado que enfrentou horas de fila para assistir ao painel do filme na Comic-Con consiga descobrir mais detalhes sobre a trama --por que Mary Jane foi cortada do filme? O que acontece com Gwen? Já veremos Norman Osborn (o Duende Verde) neste filme?. Ainda assim, o diretor dá uma dica sobre o que veremos nas próximas sequências: "Se você prestar atenção neste filme, você entenderá a direção do que está por vir", conclui.