Cronenberg surpreende em Cannes com sátira sombria de Hollywood
David Cronenberg nunca se repete. Depois do já maluco “Cosmopolis”, o diretor canadense de “A Mosca” e “Crash” supreendeu mais uma vez com uma sátira sombria e delirante de Hollywood. “Maps to the Stars”, exibido em Cannes, é também seu filme mais cheio de humor. O filme recebeu alguns poucos aplausos ao final da sessão de imprensa – o público provavelmente ainda em choque com o que tinha acabado de ver.
O filme traz John Cusack como Stafford Weiss, um guru de Hollywood, mistura de pastor de TV e fisioterapeuta espiritual cujos livros fazem muito sucesso – uma referência nada disfarçada aos gurus da cientologia, a religião maluca de Tom Cruise, John Travolta e outras estrelas. A família de Stafford inclui uma jovem com o corpo cheio de queimaduras (Mia Wasikowska, de “Alice”), um menino de 13 anos que faz muito sucesso numa sitcom muito boba e uma história sombria envolvendo incesto e um incêndio.
Stafford costuma atender Havana Segrand (Julianne Moore, excelente), uma atriz decadente e viciada em remédios que não consegue mais bons papéis, filha de uma atriz que morreu num incêndio nos anos 70 e que a atormenta como fantasma. Sua grande chance de retorno aos holofotes é estrelar o remake de um filme da mãe.
O elenco ainda tem Robert Pattinson como um motorista aspirante a ator e roteirista e uma participação de Carrie Fisher (a princesa Leia de “Star Wars”) como ela mesma. A história, que vai ficando cada vez mais delirante, ainda envolve crianças mortas, alguns outros fantasmas e alguns assassinatos brutais. Mais não se pode dizer para não estragar a surpresa.
O clima lembra bastante o dos livros de Brett Easton Ellis, autor de “As Regras da Atração” e “Psicopata Americano”. O roteiro é de Bruce Wagner, que trabalhou em Los Angeles como motorista assim como o personagem de Pattinson e tem no currículo “A Hora do Pesadelo 3”. Ele e Cronenberg discutiam o projeto desde os anos 90.
“Com esses temas do lado negro da ambição e da fama, só Bruce poderia escrever este filme. É uma história dos nossos tempos, e faz um ataque feroz ao momento em que vivemos, culturalmente e tecnologicamente”, declara o diretor.
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