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Caçula de Cannes, canadense diz que decidiu fazer cinema após "Titanic"

Thiago Stivaletti

Do UOL, em Cannes (França)

22/05/2014 07h54

Se à tarde Cannes apresentou o filme do diretor mais velho em competição, Jean-Luc Godard, 84, à noite foi a vez de mostrar o filme do caçula na briga pela Palma, o canadense Xavier Dolan, 25 anos, com “Mommy”.

Dolan é um fenônemo, o grande garoto precoce do cinema de hoje. Seu estilo mistura um tanto da neurose de um Woody Allen com a exuberância gay de um Almodóvar – tudo regado a música pop e sequências que às vezes parecem videoclipes.

Com 20 anos, ele saiu premiado da paralela Quinzena dos Realizadores com seu primeiro longa, “Eu Matei Minha Mãe”. Apresentou seus dois filmes seguintes em Cannes, incluindo o cult “Amores Imaginários”, e o thriller “Tom na Fazenda” no Festival de Veneza.

Aos 25, ele entra pela primeira vez na Competição principal com seu quinto filme, “Mommy”, história de um garoto hiperativo que sofre de DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção). Steve é muito agressivo, uma bomba-relógio que pode explodir a qualquer momento. Sua mãe, uma viúva jovem, bonitona e bastante maluca, decide tirá-lo do internato para tentar criá-lo mais uma vez. A relação vai ficando cada vez mais tensa até que uma vizinha com problemas de fala se aproxima deles.

Os atores estão sensacionais, e Anne Dorval tem chances para a Palma de atriz como a mãe ao mesmo tempo eufórica e sofredora. A trilha inclui sucessos de Dido, Oasis e Lana Del Rey. “No primeiro filme, eu sentia que queria punir a minha mãe. Só cinco anos se passaram, e agora creio que eu esteja atrás da vingança dela”, diz o diretor.

“Não se fica bem eu falar isso aqui, mas... o filme que me fez decidir fazer cinema foi ‘Titanic’. Eu percebi que havia uma ideia por trás de tudo, dos figurinos, o momento em que cada coisa acontecia na históra. E havia uma grande ambição também. Eu também não tenho vergonha de ser ambicioso, não tenho medo se as pessoas vão gostar ou odiar meus filmes”, conta.

O grande diferencial de “Mommy” é não ter pena de seus personagens, mostrando-os sempre no auge da sua energia. “Era crucial que o filme fosse um conto radiante de coragem, amor e amizade. Não vejo por que fazer filmes sobre losers. Nada contra eles, mas tenho aversão a qualquer arte que retrate seres humanos através dos seus defeitos e fracassos”, explica.