Essa categoria abriga filmes musicais, mas não no sentido clássico das grandes produções da Metro. São os filmes sobre ou inspirados em bandas contemporâneas, uma tendência que vem se desenhando há algum tempo e no ano que passou deixou rastros de boa memória. Documentários e gravações de shows também fazem parte, com especial destaque para "Rolling Stones - Shine a Light" e "U2 3D".
O roteiro de "Control" é baseado num livro de memórias da mulher de Curtis, lançado na década de 1990, e equilibra informações sobre a vida profissional dele, como músico, e a pessoal, como marido e pai. (...) As músicas do Joy Division apresentadas em "Control" são tocadas pela banda que está em cena - e o próprio Riley faz os vocais. As regravações são competentes e a presença de palco do ator é um daqueles casos em que se recria muito bem o personagem real. Talvez o que haja de mais sedutor em "Control" seja este retrato de um período. Assim, citações explodem na tela, como as referências culturais de Curtis, caso do cantor e compositor Lou Reed e do escritor J. G. Ballard (cujo livro "The Atrocity Exhibition" empresta o título a uma música do Joy Division).(Alysson Oliveira)
Enquanto a ficção "Control" enfatiza a versão de Deborah Curtis, esposa de Ian Curtis, sobre o Joy Divison, o documentário destaca a belga Annik Honoré, amante do vocalista. Com entrevistas e depoimentos íntimos, o longa mostra como o grupo se reinventou como New Order após a perda de Ian, que se suicidou aos 23 anos. O diretor Grant Gee e o roteirista Jon Savage reúnem os remanescentes do grupo, atual New Order, além de uma série de personagens importantes, como a jornalista Annik. O filme tenta fazer uma relação entre a criação da banda e a revitalização da cidade de Manchester. Um dos entrevistados é o fotógrafo inglês Anton Corbjin, diretor da cinebiografia de Ian Curtis, Control, também de 2007.
O veterano cineasta Martin Scorsese procura retratar em detalhes a energia de uma das bandas de rock mais antigas do mundo no documentário "Rolling Stones -- Shine a Light". (...) Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ron Wood estão todos sessentões e mostrando suas rugas e cabelos brancos, com um inesgotável apetite pelo palco e turnês mundiais, que nunca pararam de fazer. (...) Além das músicas, o filme apresenta trechos de entrevistas antigas dos roqueiros. Numa conversa em 1972, Dick Cavett pergunta a Jagger se esperava estar ainda tocando aos 60 anos e ele responde: "Sim, facilmente". Um comentário que, a esta altura, mostra-se profético.
"U2 3D" não é propriamente um filme, e sim um show gravado com uma nova tecnologia [3D] e exibido nos cinemas. Por isso, o resultado deve agradar em cheio aos fãs da banda irlandesa e causar bocejos em quem não vê muitos atrativos em Bono Vox e sua trupe. (...) No palco, Bono e companhia cumprem o prometido. Há versões de músicas mais recentes, como "Love and Peace or Else" e "Sometimes You Can't Make It On Your Own", e clássicos como "Sunday Bloody Sunday", "New Year's Day" e "Pride" -- todas muito bem produzidas e apresentadas com vigor. "U2 3D" vale pela experiência com a nova tecnologia que é muito bem aproveitada pelos diretores -- em especial no final do show, quando o efeito é explorado com um colorido hipnótico.