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Em Cannes, DiCaprio diz que "Gatsby" é uma tragédia americana e defende exuberância da adaptação

Thiago Stivaletti

Do UOL, em Cannes

15/05/2013 10h04

O Festival de Cannes tem uma queda pelo cinema cheio de purpurina do australiano Baz Luhrmann. Doze anos depois de abrir o festival com “Moulin Rouge”, ele voltou a abrir o festival nesta quarta (15) com sua adaptação em 3D de “O Grande Gatsby”, um dos maiores clássicos da literatura americana, escrito por F. Scott Fitzgerald em 1925. É a quarta adaptação do livro para as telas – a última foi estrelada por Robert Redford e Mia Farrow em 1974.

No filme, DiCaprio volta a trabalhar com o diretor 17 anos depois de “Romeu + Julieta”. “Nos EUA, ‘Gatsby’ é leitura essencial na escola. Quando eu era jovem, fiquei entretido e fascinado, mas não peguei o sentido profundo e existencial do livro. Hoje não o vejo como uma historia de amor. É a tragédia desse americano em anos de opulência”, disse o ator. “Gatsby queria ser um grande americano, mas em algum momento perdeu o sentido do que era, e tinha em Daisy sua miragem”.

O ator também defende o estilo exuberante de Baz Luhrmann. “Ele não tem medo de pegar histórias muito clássicas, ancoradas na nossa cultura, e adaptá-las ao seu modo. Não tem medo do risco. Mas está sempre atento em chegar ao coração do drama de cada história”.

Leonardo DiCaprio vive o misterioso magnata que dá as maiores festas em sua mansão perto de Nova York nos anos 1920. Ninguém sabe ao certo a origem de seu dinheiro, e cada um tem uma versão sobre o seu passado.

O certo é que está louco para reencontrar o amor da sua vida, Daisy (Carey Mulligan), uma jovem sofisticada que casou-se com outro homem poderoso. Para isso, ele conta com a ajuda do seu vizinho e primo da moça, Nick Carraway (Tobey Maguire). Luhrmann não economiza no luxo nas cenas de festa – mas a trilha sonora com músicas contemporâneas de Jay-Z, Beyoncé, Lana Del Rey e Florence and the Machine não encaixa muito bem com o visual anos 1920 do filme.

TRAILER DO FILME "O GRANDE GATSBY"

Jay-Z anos 1920
Luhrmann levou dez anos para conseguir levar o livro às telas – a ideia veio quando viajava num trem para Sibéria e ouvia uma versão em audiolivro de “Gatsby”. O filme estreou na última sexta nos EUA e teve boa bilheteria – US$ 51 milhões –, mas recebeu muitas críticas ruins. Luhrmann diz estar acostumado. “Eu fiz ‘Moulin Rouge’, ‘Romeu + Julieta’, ‘Vem Dançar Comigo’. Já esperava por isso. Só me importo que as pessoas estão indo ver o filme”.

Ele também defendeu o uso de uma trilha moderna para uma história escrita há quase 90 anos. “Fitzgerald coloca o jazz, uma música negra, no centro da narrativa. A música negra de hoje é o hip hop.”

Aposentado da franquia do Homem Aranha, Tobey Maguire, que foi recomendado pelo amigo Leonardo DiCaprio a Luhrmann, não poupou elogios ao amigo. “Levamos nosso trabalho a sério, mas também nos divertimos muito. Gosto de assistir e participar do seu processo de mergulho no filme. Ele é um detetive vigilante, que vasculha o livro atrás de cada camada do personagem”.

“O Grande Gatsby” estreia no dia 7 de junho no Brasil.