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Inventivo, israelense "The Congress" mostra Tom Cruise em forma de animação em Cannes

Thiago Stivaletti

Do UOL, em Cannes

16/05/2013 16h23

E se, ainda em 2013, os atores começassem a ter todas as suas expressões escaneadas e não precisassem mais trabalhar? Quando se recusam a fazer um blockbuster chato na linha de "Resident Evil", seu avatar simplesmente atua por ele. Essa é a ideia fascinante por trás de "The Congress", mistura de filmagem real com animação do israelense Ari Folman que abriu a paralela Quinzena dos Realizadores.

Folman é pouco conhecido no Brasil. Sua animação "Valsa com Bashir", sobre um episódio do conflito entre israelenses e palestinos, foi esnobado pelo júri de Sean Penn em Cannes em 2008 e foi exibido na Mostra de São Paulo.

No filme, a atriz Robin Wright (ex-mulher de Sean Penn), em decadência, recebe de seu agente (Harvey Keitel) a proposta de ser escaneada pela Miramount, estúdio ficcional cujo nome mistura a Miramax e a Paramount. Aceita e, nos próximos 20 anos, seu avatar estrela uma série de filmes de sucesso na linha "Lara Croft".

Passados esses 20 anos, ela recebe o convite para participar de um congresso no qual o presidente da Miramount vai anunciar o próximo passo da indústria do cinema: Robin também poderá ser vestida, comida ou bebida em forma de milk shake. Um total objeto para o consumo das massas. O congresso acontece numa cidade "animation only", em que todas as pessoas, quando entram, precisam ser transformadas em animação.

Permeado de diálogos engraçados, "The Congress" conta com divertidas participações em forma de animação, como um Tom Cruise setentão que também foi escaneado e Grace Jones, que aparece para Robin num quarto com decoração anos 80. Um grande filme com uma história inventiva e bem construída, que bem podia estar competindo à Palma de Ouro.