Hermione de "Harry Potter" vive patricinha ladra no novo filme de Sofia Coppola
O sobrenome Coppola continua sinônimo de poder. Nesta quinta-feira (16) de manhã, a sala Debussy, a segunda maior do Festival de Cannes, lotou – e sobrou gente do lado de fora – para a primeira sessão do novo filme de Sofia Coppola, "The Bling Ring: A Gangue de Hollywood", que estreia dia 12 de julho no Brasil.
Depois do Leão de Ouro em Veneza por "Um Lugar Qualquer" ("Somewhere"), Sofia volta com a história real e divertida de uma gangue de jovens de 16 anos que entrou na mansão de alguns famosos de Hollywood para roubar joias, bolsas Prada, óculos Dior e sapatos Louboutin, entre outros acessórios de luxo.
Entre os VIPs lesados, a socialite Paris Hilton, o ator Orlando Bloom e a garota-problema Lindsay Lohan. O valor total do roubo chega a US$ 3 milhões. Em meia hora de filme, quem não é consumista convicto começa a sentir enjoo com tantos óculos, bolsas, joias e sapatos que desfilam pela tela.
Paris Hilton e Kardashians
Os jovens atores se saem bem, mas a maior promessa é mesmo Emma Watson, a Hermione da série "Harry Potter". Agora uma moça linda e charmosa, Emma deve ter longa carreira pela frente. Apesar de não ter nenhuma cena mais ousada, a atriz surpreende como a garota mais cínica da turma. Depois que é presa, ela tem um discurso na ponta da língua sobre como o episódio faz parte do seu “crescimento espiritual”.
Emma é tranquila quando lhe perguntam sobre Harry Potter. “Essa fase já parece tão distante para mim, já se passaram três ou quatro anos. Mas ao mesmo tempo é tão presente ainda. Não quero fugir do meu passado, mas estou feliz de poder fazer novos papéis e trabalhar com gente nova”.
Para se preparar, Emma viu horas de reality shows dos famosos de Los Angeles como “The Kardashians”. Um dos desafios foi conseguir o sotaque californiano. “O filme não é sobre os roubos em si, mas sobre como esses jovens queriam fingir por algumas horas que tinham a vida de Paris Hilton”, disse.
A moça tem apenas 23 anos, mas mostra uma maturidade impressionante ao responder as perguntas. Ela relativizou o lado ruim da fama mostrado no filme. “Há celebridades que criam uma marca e todo um negócio em cima de sua própria imagem. E outras não. Enquanto as pessoas entenderem a diferença, tudo bem”.
Sobre a sua geração, ligada na internet 24 horas por dia, também emitiu uma opinião adulta: “É impressionante como os jovens são inconscientes da imagem que criam no Facebook e na internet em geral. Hoje vivemos saturados de imagem, podemos ter a imagem que quisemos, e sonhamos poder nos tornar aquela imagem muito facilmente. É uma narrativa que a nossa sociedade está criando”, filosofou.
Menos doçura, mais cinismo
Sofia Coppola contou que se interessou pela história após ler num avião um artigo da revista “Vanity Fair” sobre a gangue, que foi presa há dez anos. Seus jovens atores ajudaram a moldar os diálogos com as gírias de hoje em dia. Paris Hilton cedeu sua mansão para que a diretora filmasse lá. “A história toda aconteceu há dez anos, mas diz muito sobre a nossa cultura hoje. Los Angeles é o epicentro da cultura americana. Sempre me interessei por personagens que estão em busca da sua própria identidade, e de alguma forma perdem a inocência nessa busca”, observou.
Filme de ambições modestas, “The Bling Ring” aperece como uma ligeira evolução na obra de Sofia Coppola. Depois de filmes de tom mais doce sobre o mundo da fama como “Encontros e Desencontros” e “Um Lugar Qualquer”, ela adota aqui um tom mais cínico, leve e bem-humorado. Não deixa de ser uma crítica mordaz à futilidade dos jovens de hoje.
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