Benicio del Toro vive índio que faz psicanálise no drama "Jimmy P."
Nos últimos anos, o portorriquenho Benicio Del Toro tem conseguido alternar trabalhos em Hollywood com o cinema de autor. Para os grandes estúdios, estrelou o fracasso “O Lobisomem” e fez um homem ultraviolento em “Selvagens”, de Oliver Stone. Cinco anos atrás, saiu de Cannes com a Palma de melhor ator ao viver Che Guevara na cinebiografia “Che”, de Steven Soderbergh.
Agora, Benicio volta a Cannes com um papel tão denso quanto estranho. Em “Jimmy P. – Psychotherapy of a Plains Indian”, ele é Jimmy Piccard, um índio americano da etnia Blackfoot que lutou na Segunda Guerra e volta traumatizado ao seu país, com fortes dores de cabeça. Ele vai parar num hospital especializado e começa a se consultar com Georges Devereux (Mathieu Amalric), um divertido psicólogo e antropólogo húngaro que gosta de se passar por francês.
Georges começa a descobrir que os traumas de Jimmy têm pouco a ver com a guerra e muito a ver com episódios de sua infância e o desastre de suas relações amorosas – incluindo uma filha que ele abandonou. Dirigido pelo francês Arnaud Desplechin (“Reis e Rainha”, “Um Conto de Natal”), o filme é baseado num livro escrito pelo próprio Devereux.
Na entrevista coletiva, Benicio fala pouco e parece não gostar de falar sobre a construção de seu personagem. “Eu leio muitos roteiros todo ano, e esse me pareceu muito original, brilhava no escuro. Me aproximei de Jimmy como uma pessoa se aproxima de outra. Com Desplechin e Gary Farm, também conversamos muito sobre filmes feitos pelos nativos indígenas americanos”, explicou.
O diretor Arnaud Desplechin contou o que o atraiu no livro para o seu primeiro projeto rodado nos EUA. “Devereux atravessou uma fronteira quando mostrou que a psicanálise podia ser aplicada a todo mundo, mesmo os índios. O livro me pareceu um roteiro quase pronto, com todos os diálogos das sessões entre Jimmy e Georges”.
“Jimmy P.” tem distribuição garantida no Brasil, mas sem data de estreia definida.
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