Keanu Reeves estreia na direção com filme de kung fu rodado na China
Enquanto a competição segue morna em Cannes, Keanu Reeves aproveitou a manhã desta segunda (20) para falar sobre o seu primeiro filme como diretor, a aventura de artes marciais “Man of Tai Chi”, uma coprodução entre EUA e China falada em inglês, mandarim e cantonês.
“Man of Tai Chi” é a história de um talentoso lutador de artes marciais (Tiger Hu Chen) que tenta manter-se puro, mas é arrastado para o mundo das lutas subterrâneas de kung fu na China. Keanu vive o mestre que lhe ensina muita coisa, mas depois revela-se um homem ganancioso que só quer ganhar dinheiro com as lutas. Feito em coprodução com a Universal, o filme estreia em julho na China e em seguida em outros países.
Keanu mostrou o trailer e dois trechos do filme. Num deles, Chen luta com um adversário numa impressionante coreografia numa sala toda cinza que parece saída direto de “Matrix”. Na outra, Chen luta com outro adversário até nocauteá-lo. Especialmente canastrão, Keanu ordena que ele finalize o adversário, mas Chen se recusa. Entra um homem com uma máscara preta e faz o serviço por ele, quebrando o pescoço do inimigo.
Furacão pelo caminho
“Há uns quatro ou cinco anos, acho que comecei a me sentir velho e pensei em dirigir um filme. Mas não podia fazê-lo sem uma boa história. De repente esse projeto começou a me envolver”, contou Keanu, hoje com 48 anos. “Quando era criança, vi dezenas de filmes de kung fu. Acho que isso ficou na minha cabeça”.
Ele conheceu Tiger Hu Chen quando este trabalhava como dublê na trilogia “Matrix”. Ficaram amigos, e Chen começou a fazer cursos de atuação. Ao longo de cinco anos, desenvolveram a história. A maior parte do filme foi rodada em Pequim, com algumas poucas cenas em Hong Kong e apenas a finalização dos efeitos especiais feita em Los Angeles.
Keanu adorou a experiência como diretor e quer repetir. “Comandar uma filmagem é um processo muito maluco. Você chega ao set todo dia com um planejamento, mas a vida simplesmente não funciona assim”, responde. Em Hong Kong, a equipe encarou até um furacão imprevisto.
Mas antes de “Man of Tai Chi”, Keanu deve ser visto (apenas como ator) no filme de samurai “Os 47 Ronins”, que estreia em dezembro no Brasil.
Boom chinês
Keanu está aproveitando uma onda que deve crescer entre os produtores americanos nos próximos anos. Um relatório sobre o mercado de cinema chinês que circula aqui em Cannes informa que a receita de bilheteria na China cresceu 38% entre os primeiros trimestres de 2012 e 2013, chegando este ano a US$ 8,34 bilhões.
Mas o valioso mercado chinês tem uma especificidade: o governo chinês só autoriza que 34 filmes estrangeiros sejam lançados por ano no país. Entre 2012 e o começo de 2013, a receita dos filmes estrangeiros no país caiu 22%, enquanto a receita dos filmes locais aumentou espantosos 113%.
Produções como “Man of Tai Chi” são a chance de estrear na China como filme local – ao mesmo tempo em que a estrela de Hollywood garante o apelo no resto do mundo.
Em 2012, of filmes americanos mais vistos na China foram “Missão Impossível 3”, “Viagem 2: A Ilha Misteriosa” e “John Carter – Entre Dois Mundos”. Nos primeiros três meses de 2013, “007: Operação Skyfall”, “O Hobbit” e “Duro de Matar 5” lideraram entre os estrangeiros. “A Viagem”, dos irmãos Wachowski – os mesmos de “Matrix” –, que teve um desempenho fraco pelo mundo, figura em quarto lugar na lista chinesa. Mais um bom indicador de que Keanu e seu filme de kung fu à la Matrix deve estourar por lá.
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